quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

ERA UMA VEZ A PSICOLOGIA CIENTÍFICA(24)

O item A Loucura do Método [Mad about Method] encerra o primeiro capítulo da segunda parte do livro. Nele os autores baseados em Danzinger buscam elucidar como a obsessão pelo método por parte da Psicologia torna-se o meio de ela produzir-se a si mesma e de se autolegitimar “cientificamente”.

Explicitam ao longo do texto sua indignação com a classificação grosseira das pessoas sob rótulos vários em experimentos cujas condições artificiais e idealizadas produzidas por “especialistas” são claramente manipuladas objetivando a constituição de fontes de dados [souce of data] nos empreendimentos investigativos da Psicologia Científica.

Consideram que Wundt, popularmente conhecido como o “Pai da Psicologia”, teve importante papel na corroboração e propagação do uso do paradigma de investigação das ciências naturais por parte da Psicologia, mas que a “coluna vertebral” das práticas modernistas na Psicologia surgem, curiosamente, em contraposição aos interesses originais do Laboratório de Leipzig coordenado por Wilhelm Wundt no final do século XIX. Esclarecem que Wundt focalizava a experiência subjetiva das pessoas como possibilidade de generalização “científica” da percepção interna em si e não dos processos aperceptivos, isto é, dos caminhos das reflexões das pessoas sobre suas percepções internas.

Explicam no entanto que dois séculos antes de Wundt, Locke em Oxford havia identificado duas modalidades de conhecimento: o sensorial e o reflexivo (Ensaio Acerca do Entendimento Humano). E que toda uma filosofia da mente se sustentou na evidência da reflexão a respeito da existência material do mundo pelos sentidos (empirismo) mas apenas Kant irá questionar esta tradição interrogando-nos se a experiência oportunizada pelo “senso interno” (percepção interna ou sentidos) poderia ser a base do conhecimento do mundo. Sua tese [Kant] é a de que a percepção interna (sentidos) isoladamente não seria suficiente para estabelecer-se um modo sistematizado e coerente de organização de informações à moda da matemática como ocorre no pensamento científico (objetivismo ou signitivismo abstrato).

Relatam como se deu a formação dos psicólogos norte-americanos no laboratório de Wundt e de como ocorreu uma ressignificação de suas intenções originais [Wundt] de pesquisa sob a influência do pragmatismo norte-americano - que exigia a mercantilização da Psicologia Científica para que ela pudesse ter algum valor monetário. Revelam como a glorificação do cientificismo contagiou o pensamento das pessoas ao ponto de o método das ciências naturais ser hegemonicamente considerado o único capaz de fornecer conhecimento útil e confiável sobre quaisquer aspectos da existência humana.

Fazem uma preleção sobre o histórico da Psicologia como área do conhecimento na Academia norte-americana informando ter sido a Universidade Johns Hopkins quem ofereceu por primeira vez o doutorado em Psicologia em 1882; e que dez anos após este ter sido implantado foi criada a Associação Norte-Americana de Psicologia-APA.

Explicam que a “nova” disciplina [Psicologia] logrou rápido reconhecimento acadêmico gerando interesse nas pessoas comuns por sua potencial utilidade prática. Que os psicólogos rapidamente providenciaram, conscientes ou não das pressões acima de sua livre vontade, uma mudança de curso nos rumos da Psicologia: da investigação da experiência humana e das pessoas nela interessadas (sujeitos da experiência) passou-se à categorização universalizante das pessoas através da aplicação de testes em massa [surveys] e da contabilização “asséptica” de dados para controle e previsão de ações públicas (sujeitos convertidos em objetos de intervenção).

Encerram o item e o capítulo perguntando-se retoricamente quem ou quais seriam os agentes interessados no controle social das pessoas e que tipo de conhecimento justificaria perseguirem este objetivo. Comprometem-se nos próximos capítulos em desatar alguns nós que impedem a identificação da teia tenebrosa tecida pela Psicologia Científica para encobrir sua natureza “fabular” ou “discursiva” através da problematização de três do seus grandes mitos: “Individuo” “Doença Mental” e “Desenvolvimento”






Um comentário:

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