O quinto capítulo é o segundo da segunda parte do livro e intitula-se Psicologia e o Indivíduo [Psychology and the Individual]. Nele os autores argumentam que o conceito de “Indivíduo” tem sido hegemonicamente, ao longo do tempo, tomado como objeto de investigação da Psicologia e como base de sua legitimidade enquanto área do conhecimento; que tradicionalmente a Psicologia define-se como o estudo de “indivíduos” isoladamente ou em grupos buscando saber como se “comportam”, como se “desenvolvem” e no que diferem entre si.
Explicam que as críticas pós-modernistas se dirigem à nítida obsessão da Psicologia com o indivíduo “isolado” (associal e a-histórico), ou seja, como “algo” que pudesse ser particularizado. Afirmam que o enfrentamento corajoso da “glorificação do indivíduo” e a denúncia do seu papel na consolidação do individualismo – típico do modo de pensar modernista - apenas podem ser observados na literatura produzida por pensadores vinculados às correntes abaixo relacionadas:
(1) Socioconstrucionista - que se volta para o estudo da clínica terapêutica, psiquiatria, modalidades de organizações familiares e comunitárias (McName&Gergen, Parker&Shotter, Albee, Sarason entre outros);
(2) Vigotskiana ou histórico-cultural – que focaliza privilegiadamente os processos de desenvolvimento e aprendizado em sua dimensão colaborativa (Lave&Wenger, Moll, D. Newman, Holzman&Newman, Griffin&Cole, Rogoff, Tharp&Gallimore e Wertsch, por exemplo);
(3) Neomarxista-Feminista – que desvela o processo de reificação ou naturalização de artefatos culturais por parte da Psicologia (Ussher&Nicholson, Venn, Walkerdine, Hardin&Hintikka, Keller, Buss e mais alguns).
Denunciam, na qualidade de pensadores pós-modernistas, que o “Indivíduo” é um artefato cultural baseado numa lógica da particularidade e que é um “conto”, uma “fábula” (invenção e mentira); que é impossível e inaceitável conceber-se a pessoa desconectada do meio social em que ela vive e com o qual interage; que este artefato é o responsável pelo fortalecimento do que se costuma entender por “Identidade”; que este foi o modo sórdido encontrado pela Psicolgia hegemônica para estigmatizar grupos e pessoas e ditar normas ou modos “adequados” de pensar e agir fechando os olhos para a diversidade e singularidade tpicamente humanas; que com ele a Psicologia Científica tem fortalecido a cultura do conformismo e da discriminação [Far from contributing to a culture that supports individual differences and fosters individual expression, psychology has been instrumental in contributing to a culture of conformity (p. 79)]
Em seguida, passam a desenvolver esse seu ponto de vista no primeiro item do capítulo intitulado O Indivíduo Isolado [The Isolated Individual]
NOTA EM RODAPÉ
Indivíduo – conceito que se aplica indistintamente a organismos de qualquer população de seres vivos (plantas, animais etc). Distingue-se de sujeito – termo utilizado para identificar o “indívíduo” entre a população de seres humanos. O indivíduo se “comporta”, o sujeito interage.
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