quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

ERA UMA VEZ A PSICOLOGIA CIENTÍFICA... (27)

Em A Crítica: O Indivíduo Socialmente Contextualizado [The Critique: The Socially-Situated Individual] os autores insistem em demonstrar os problemas de se buscar descobrir e fixar leis abstratas para o psiquismo tipicamente humano por parte da Psicologia hegemônica. Argumentam que o estudo dos fenômenos humanos é um tipo de atividade qualitativamente diferente da investigação de fenômenos físicos.

Holzman&Newman enfatizam que nos estudos de humanos conduzidos por humanos, curiosamente, o observador é simultaneamento o observado! Algo que não ocorre em Botânica, Astronomia ou Física, por exemplo; que a tentativa insistente em negar esta “contaminação” sócio-humana nos estudos da Psicologia “Científica” é o principal foco das críticas pós-modernistas.

Esclarecem que boa parte dessas críticas destacam que a Psicologia e os psicólogos desprezam o fato de ambos serem colaborados sócio-historicamente; que os psicólogos não se dão conta de que suas teorias e práticas encontram-se sócioculturalmente localizadas ou são coniventes com um entendimento associal e a-histórico do psiquismo humano por razões mesquinhas de recompensas econômicas e prestígio pessoal em organizações comprometidas com o controle social das populações.

Denunciam muitos atos perversos perpetrados por agentes sociais de controle com a conivência de psicólogos que podem ser facilmente identificados ao longo da breve existência da Psicologia hegemônica: (1) a esterilização de mulheres e homens das classes menos favorecidas; (2) a lobotomização e eletrochoques em tratamentos de distúrbios mentais; (3) a estigmatização e negação de oportunidade de escolarização a muitos jovens e adultos e  (4) políticas racistas de imigração. Enfim para os autores as “mentiras” ou mitos da Psicologia são nitidamente reconhecidos quando não se perde de vista a contextualização sócio-histórica dos modos de pensar e suas dimensões político-ideológicas.

Destacam algumas referências acadêmicas importantes produzidas por Burman, Gibson&Walk, Holzkmp, Cole, Hood&McDermott e por eles proprios [os autores] que podem ser úteis para sustentar uma dura oposição a este “erro” ou viés metodológico da Psicologia hegemônica.

Expõem de modo conciso a trajetória de seu pensamento que incialmente encontrou abrigo no Laboratório de Cognição Humana Comparada-LCHC sob a direção de Michael Cole (CHAT) para reafirmarem seu compromisso com a defesa exasperada de sua autonomia intelectual argumentando em favor do relevante papel de abordagens relacionais que destaquem a invalidez “ecológica” das “verdades” supostamente científicas da Psicologia.

Seguem expondo seu ponto de vista no próximo item do capítulo A Mercantilização das Diferenças Pessoais [The Selling of Individual Differences].


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