domingo, 31 de julho de 2011

POSITIVIDADE AFIRMATIVA


Aderindo ao empoderamento da positividade                                          
  
                                              
Deveres e direitos soropositivos



Combater a imunodepressão pela adesão ao tratamento medicamentoso  é apenas o primeiro passo; vencer os obstáculos sedimentados pelas práticas sociais excludentes, intolerantes e preconceituosas veladas solicita conscientização, discussão e defesa dos deveres e direitos soropositivos. A firmeza de ânimo no enfrentamento honesto dos limites e possibilidades dos nossos modos de ser e pensar depende exclusivamente de nós mesmos. Geralmente as pessoas costumam recorrer aos outros evitando olhar para os próprios recursos – os únicos  efetivamente capazes de as fazer suportar os acidentes da vida.

UAMIRI (12)


DÉCIMA OITAVA MOVIMENTAÇÃO CÊNICA

        Festa na gira do gongá de Mãe Gilu de Yemanjá [Ângela]. Atabaques tocam para Iemanjá. Mãe Gilu incorporada dança ricamente paramentada para este orixá ao som de atabaques hostentando um abebé prateado [leque]. Cota surge na porta da casa grávida com viola-de-cocho nas mãos iluminada por um foco de luz azul. Dona Marta chora emocionada ao ver a filha. Pai Hélio sacode o adjá vigorosamente. Mãe Gilu estremece.

Todos
(Saudando Iemanjá repetidamente) Ôdô Yá!

Mùsica instrumental de viola-de-cocho.[1] Escurecimento lento. Apenas foco azul sobre Cota grávida com a viola-de-cocho as mãos. Escuro total. Ouve-se em intensidade decrescente acordes da viola-de-cocho.

Cabocla, donde o facão?
Espero fazer um cocho
Feitio de coração
Que nem este meu, de arrocho

Em quatro cordas, cabocla,
Da fibra de uma palmeira,
Vou tocar verso caboclo
De minha vida tropeira [2]



[1] FILHO, Abel Santos Anjos (2002) Uma melodia histórica – Eco, cocho, cocho-viola, viola-de-cocho. [Livro com áudio CD]. Cuiabá: Gráfica Laser/Edição do autor. Faixa 1
[2] Trova matogrossense intitulada Passarinho-cavaleiro (tropeiro de cotcho) In FILHO, Abel Santos Anjos (2002) Uma melodia histórica – Eco, cocho, cocho-viola, viola-de-cocho. [Livro com áudio CD]. Cuiabá: Gráfica Laser/Edição do autor. P.69

sexta-feira, 22 de julho de 2011

UAMIRI (11)


DÉCIMA QUINTA MOVIMENTAÇÃO CÊNICA

        Na porta da casa de pai Hélio, Dona Marta bate palmas chamando-o.

Dna. Marta
Pai Hélio! (Volta a bater palmas) Pai Hélio?! (Pega a sacola que traz e que estava ao chão) Cambono?! (Entrando) Tô entrando... (Colocando a sacola sobre uma mesa) Pai?!
Pai Hélio
(De dentro) Martinha?!
Dna. Marta
Eu! (Pausa) Vim trazer umas compras pras obras sociais do gongá!
Pai Hélio
Já tô “ino”, filha. Só um instante. Tô terminando de “desaquendá o edi”! [Defecar]

        Ouve-se som de descarga de bacia sanitária seguido de trorneira aberta.

Dna Marta
Pode terminar o serviço sossegado, Pai!
Pai Hélio
(Surgindo por trás de uma cortina de pano estampado que dá acesso ao interior da casa) Cambono teve de dar uma saidinha pra mim...
Dna Marta
Motumbá, Pai?!
Pai Hélio
Motumbaxé ebomi!
Dna Marta
Trouxe as compras que fiquei de trazer pros meninos da creche...
Pai Hélio
Que Oxalá lhe cubra com seu Alá sagrado, fia! Bota na cozinha pra mim?
Dna Marta
(Indo para cozinha com as compras) Né muita coisa não Pai, mas é de coração...
Pai Hélio
Eu sei filha, eu sei.
Dna Marta
(Voltando da cozinha) Tive notícia de Cota!
Pai Hélio
Eu disse pra você ter paciência de esperar...
Dna Marta
Soube que pegou carona na estrada com um camioneiro que tava indo para a Bolívia!
Pai Hélio
Que danada! É a dona da cabeça dela chamando...
Dna Marta
Os sonhos tem me ensinado muito sobre mim e minha filha... E sobre Uamiri, a cabocla dela... Minha iniciação no culto também.
Pai Hélio
Tá se sentindo menos culpada fia?
Dna Marta
Tô aceitando mais as escolhas dela... O jeito dela, as preferências por mulher. Queria que ela voltasse pra poder pedir desculpa por ter sido tão intolerante e sem compreensão por ela ser como é...
Pai Hélio
Ela vai voltar. Continue tendo esperança e fazendo suas preces e obrigações. Ela também precisa cumprir a sina dela pra poder lhe ver como pessoa, pra te entender como mulher e te enxergar para além do seu papel de mãe... Só o tempo mesmo pra fazer isso acontecer... Cada um tem o seu tempo de descobrir os outros como são e de se descobrir um igual a todos...
Dna Marta
É verdade, Pai...
Pai Hélio
Então ela largou da Ângela?
Dna Marta
Ângela me disse que Cota deu um “revertério” e caiu no mundo com medo de eu perturbar a relação das duas... Não teve coragem de me enfrentar e viver sem medo seu amor com ela... Me sinto ainda culpada por minha filha ter pegado a estrada como rês desgarrada.
Pai Hélio
Cota precisou pegar a estrada pra poder crescer e aprender a não ter medo nem vergonha de suas escolhas... Pra descobrir a força da dona da cabeça dela... Veja que ela foi em direção à parte mais virgem da floresta... pros lados da Bolívia, onde não se sabe onde termina o Brasil nem começam outros países... Os territórios dos povos da floresta tem outras fronteiras que a organização dos brancos não respeitam... Por isso os brancos não entendem porque as tribos não aceitam os limites das nações criadas pelo mundo ocidental! É como a fronteira dos dois lados do espelho de Obatalá. Conhece história de Maúra e do espelho sagrado? [1]
Dna Marta
Não, pai.


Pai Hélio
Então senta e escuta: Obatalá, o criador, junto com Odudua fez um grande espelho pra separar o mundo natural do mundo espiritual. Um espelho que era a única verdade... que ficava bem perto do mundo dos homens...
Dna Marta
Obatalá e Odudua são um só?
Pai Hélio
Obatalá é a parte de cima da cabaça, o lado macho, Odudua a parte de baixo, o lado fêmea... Obatalá e odudua tiveram dois filhos: Iemanjá, o mar, e Aganju, a terra. Iemanjá e Aganju tiveram um filho, orungã - o ar. Quando cresceu, orungã um dia, aproveitando a ausência do pai Aganju, tentou violentar a mãe. Iemanjá conseguiu escapar e fugiu. Mas Orugã a perseguiu e quando já a alcançava, ela caiu ao chão e seu corpo começou a crescer até que seus seios se romperam e deles saíram os rios que formam os mares; e do ventre saíram os orixás que governam o mundo: exu, ogum, xangô, iansã, ossain, oxossi, obá, oxum, dadá, olocum, oloxá, okô, okê, ajê xalugá, orum e oxu. (Pai Hélio é tomado por Preto Velho) Êh! Êh! Fia quer saber história de Maúra, né?! Pai Joaquim vai contar... Pega banco do véi “prumodi” ele sentar... Véi tá cansado...

        Dna Marta prontamente pega o banquinho de Pai Joaquim e ajuda-o a tomar assento.

Pai Hélio/Pai Joaquim de Aruanda
“Entonces” foi assim... Tinha um grande espelho que separava o mundo dos encantado do mundo dos home... E Maúra era uma mocinha da aldeia encarregada de pilar o inhame pra família se alimentar... A vida de Maúra era socar o inhame... no pilão... E sua mãe sempre lhe dizia: “Maúra, segura firme o socador do pilão!” “Cuidado com o espelho sagrado, Maúra!”... Hê! Hê! Hê! Maúra vivia preocupada de não quebrar o espelho com o cabo do pilão... Mas um dia, Êh! Êh! Maúra levantou o pilão tão alto que quebrou o espelho...
Dna Marta
(Penalizada) Oh...
Pai Hélio/Pai Joaquim de Aruanda
Maúra correu pra juntar os pedaços do espelho e foi se entender com Obatalá pedindo desculpa e chorando muito... Tinha medo de ser castigada... Mas aí, Obatalá disse pra ela que não se importasse com o que foi feito do espelho... Que cada pessoa do mundo ia encontrar um pedaço da verdade... a sua verdade...Que aquilo era bom porque o mundo ia agora ter muitas verdade... Hê! Hê!

Pai Joaquim desincorpora de Pai Hélio.

Dna Marta
Pai Hélio?! Tá me ouvindo?!
Pai Hélio
Tô filha, tô...
Dna Marta
Pai Joaquim me contou a história de Maúra... do espelho...
Pai Hélio
Então agora você sabe que cada um tem que encontrar o seu pedaço do espelho e encontrar a sua verdade... Você tem o seu pedaço e a sua verdade; sua filha Cota tem que encontrar o dela e achar a verdade dela...
Dna Marta
Agora eu sei que tenho de aceitar a verdade dela, e a minha...



Pai Hélio
Há os que olham no espelho e não conseguem se ver... Só enxergam a superfície refletora da sua imagem... Já outros, querem ver além da superfície do espelho...
Dna Marta
Tem como chamar minha filha de volta Pai?
Pai Hélio
Tem como pedir a Uamiri, a cabocla dela, pra trazer ela pra vocês – pra você e pra Ângela... Você e Ângela têm que somar a força do amor de vocês por ela pra invocar Uamiri e pedir pra ela trazer Cota de volta...
Dna Marta
Vou falar com Ângela... Pra ela vir aqui e a gente fazer o pedido a Uamiri...
Pai Hélio
Só a força do amor de vocês duas pode fazer Uamiri deixar Cota voltar... Faça isso. Pede a Ângela pra me receber no Axé dela com você e a gente consultar os cauri pra saber o que fazer. Pra gente fazer a invocação de Itajaci... Ângela é feita Iemanjá e esse orixá não representa apenas a mãe que oferece o peito para o bebê mamar; é também a mãe do jovem e do adulto, a proteção maternal que acompanha um ser humano por toda a sua vida. É Iemanjá que responde pela socialização, pelo aprendizado das regras de ação em comunidade, pelo encaminhamento dos processos de construção e aceitação da pessoa de seu próprio destino, do seu guia, do guia de cada cabeça...
Dna Marta
Obrigado meu pai. Obrigado. Vou fazer isso. Agora estou preparada pra aceitar o amor de minha filha por Ângela.
Pai Hélio
Muito bom ouvir você dizer isso, filha... Muito bom...

       
Escurecimento lento.

DÉCIMA SEXTA MOVIMENTAÇÃO CÊNICA

        Lourdes Maria, Maira e Domingos Manuel tocam respectivamente violino, flauta e viola-de-cocho.[2] 

Viola de cocho matogrossense



Diego pega das Dores pra dançar mas ela timidamente recusa e coloca Pedro em seu lugar. Os dois, visivelmente bêbados, dançam juntos animadamente sem vergonha ou malícia. Dom Diogo, Sinhá Mercês, Das Dores e Pe. Antônio fazem parte da roda de música ao lado de outros trabalhadores da fazenda. Todos se divertem bebendo jurema e comendo carnes de aves e peixes assadas na brasa. Uamiri, Moema e Jandira atraídas pela música da viola-de-cocho rondam Domingos Manuel e dançam animadamente uma ciranda em torno do menestrel. Uamiri coloca folhas de ipadu na cabaça onde está a jurema. Ao fim da apresentação, aplausos e vivas. Todos bebem a jurema e vão adormecendo um a um. Uamiri pega a viola-de-cocho e junto com Moema e Jandira desaparecem rapidamente na mata. Escurecimento rápido.

DÉCIMA SÉTIMA MOVIMENTAÇÃO CÊNICA

        Cota caminha em meio a mata ao lado de Neto.

Cota
Então seu nome é Neto?

Neto
É.
Cota
(Rindo) Neto de quem?
Neto
De Dom Diogo madeireiro...
Cota
Você é madeireiro também?
Neto
Sou.
Cota
Cê acha certo desmatar a floresta?
Neto
Tradição de família.
Cota
Isso é muito feio... Acabar com o verde?! Isso é o mesmo que matar a mãe e o pai da gente...
Neto
Necessidade... Minha família vive disso, há anos... A venda da madeira que a gente derruba dá emprego pra muita gente... Os próprios “índios” ajudam a gente nisso...
Cota
Cê tem irmãos?
Neto
Não.
Cota
Seus pais são vivos?
Neto
Também não.
Cota
Tem mulher?
Neto
Não.
Cota
Por que não?
Neto
Mulé é bicho raro por aqui...
Cota
Já teve com mulher?
Neto
Tô com você... Tu num é mulé?
Cota
Perguntei se você já fez sexo com mulher...
Neto
Ainda não. E você? Já teve com home?
Cota
Não.
Neto
Chegamos!
Cota
Cadê os pés de ipadu?
Neto
Aqui tem um... Espia.
Cota
Cê gosta?
Neto
De mascar?
Cota
Sim.
Neto
Fico muito doidão. Gosto.

Cota
Vamo mascar?
Neto
Só não me responsabilizo pelo que pode acontecer...
Cota
O que pode acontecer?
Neto
Sei lá... Nunca masquei junto com mulé...
Cota
(Colocando uma folha na boca e entregando outra a ele) Toma!

        Os dois mascam as folhas de ipadu. Ouve-se o aguerê de Oxossi. Uamiri surge com a viola-de-cocho da mata e faz soar. Os dois se tocam e se beijam apaixonadamente. Neto perde o controle, rasga a roupa de Cota e tenta penetrá-la violenta e instintivamente. Cota procura resistir.

Cota
Não. Pára! Pára...

        Neto tapa-lhe a boca com uma das mãos e a joga sobre a relva; Abre a braguilha da calça e a penetra sofregamente. Ejacula, fecha a braguilha e deixa o local rapidamente. Cota se recompõe do estupro, veste-se e chora desolada. Uamiri faz soar a viola-de-cocho mais uma vez e aproxima-se dela vagarosamente. Cota ouve o som da viola e volta-se para Uamiri.

Cota
Que é menina?

        Uamiri não responde.

Cota
Nunca viu ninguém chorando não?

Uamiri lentamente mostra que não e em seguida que sim com a cabeça.

Cota
O gato comeu sua língua foi?
Uamiri
(Fazendo soar a viola-de-cocho) Tem duas muié chamano ôce...
Cota
Duas mulheres me chamando? Onde? Tá de brincadeira comigo?
Uamiri
Lá longe... d’onde “ocê” veio... Elas pediu pra eu falar pr’ocê voltar... Duas muié que ama muito ocê. (Faz soar a viola novamente)
Cota
Que lorota é essa menina?
Uamiri
Elas quer ocê junto delas... Dissero que tão sentindo muito sua falta... Pra você num ter medo de ser feliz ao lado delas... Que tão cuidando da cabocla sua... eu... (Pausa) Pediu a Uamiri pra fazer ocê voltar pros braço delas...
Cota
(Irônica) Pra ficar com as duas?
Uamiri
(Deita a viola no chão) Com as duas... (Tirando o colar de ipadu que usa e colocando-o no pescoço de Cota) Toma, pra você mascar e não sentir fome na viagem de volta pra suas muié...
Cota
Uma guirlanda de folhas de ipadu...
Uamiri
Pra me chamar quando quiser ver Uamiri. Vai. Toma um bom banho na lagoa dourada pra tirar o cheiro do anhanguera e volta pra viver sua vida ao lado delas... Anda logo, num perde mais tempo... Faz o que Uamiri diz pr’ocê... Credita n’eu.
Cota
Quem é você afinal?
Uamiri
Itajaci Uamiri – amazona guerreira
Cota
Tá de brincadeira comigo?
Uamiri
Eu que guio ôce ai, do lado seu do espelho...
Cota
Do espelho?
Uamiri
O espelho donde o mundo dos encantados encontra o seu...
Cota
É possível existir outro mundo além deste em que a gente vive?
Uamiri
O espelho separa o meu mundo do seu mundo... mas une os dois mundos também...
Cota
Você é encantada?
Uamiri
Encanto as pessoa. Encantei ocê...
Cota
Que papo doido é esse?
Uamiri
Eu tô n’ocê mas ocê num tá ne mim...

Cota
Como é que pode isso?
Uamiri
É mistério... Mistério de ipadu
Cota
Então é tudo alucinação? Por eu ter mascado folha de ipadu! É isso?
Uamiri
Ipadu é folha sagrada de cabocla guerreira pequena, eu: Itajaci Uamiri!
Cota
Por que apareceu pra mim?
Uamiri
Mãe sua e amor seu me chamou... pediu...
Cota
Elas sabem de você?
Uamiri
São iniciadas no mistério de ipadu...
Cota
Minha mãe?
Uamiri
Marta, sim. Gilu também... (Entregando-lhe a viola-de-cocho) Toma viola com som das mata pra ajudar Uamiri a defender a floresta dos anhanguera... Eu que fiz ocê vim até aqui... Deixar tudo e vir me vê... Eu que fiz ocê ser emprenhada pelo anhanguera.
Cota
Por que me fez passar por isso?
Uamiri
Pra sentir o que as mata sente quando os anhanguera invade elas à força e mata a virgindade delas... Pra ocê ajudar os anhanguera respeitar as mata virgem... Deixar elas imaculada...

Cota
Como eu posso ajudar?!
Uamiri
Agora já me viu. Vai ajudar os povo ‘creditar ne mim... Tá carregando filha do anhanguera na barriga. Deve voltar pra parir e criar a menina lá. Pra ocê e ela cumprir destino ao lado das muié da vida de ocês... Eu também tenho que voltar pro lado das minha muié, as amazona... Dá a viola pra sua filha tocar e fazer povo do seu mundo escutar a voz da floresta. Vai! Seu destino é ajudar Uamiri a defender as mata dos matador de árvore. Essa é sua missão no lado seu do espelho. Sua e da bugrinha que ocê carrega na barriga.

        Uamiri desaparece em meio à mata. Cota levanta-se e move-se à procura de Uamiri.

Cota
Cabocla?! Cadê você?! Uamiri?! Uamiri!

Cota permanece segurando e examinando a viola-de-cocho presenteada por Uamiri. Ouve-se Canção de Angola.[1] Escurecimento lento.



[1] CARVALHO, Ricardo (2009) Orgulho de ser africano [Canção de Angola por Pedrito do Biê] In MBONDO Nossas raízes africanas. Salvador/Ba: FTC/Correios/Grupo Humanas - Arte, Educação e Cultura/Projeto Humanas Mundi, DVD