segunda-feira, 29 de agosto de 2011

ESCOMBROS DO MUNDO LIVRE ( V )


Quarta movimentação de persnonagens
MURO DOS FUNDOS

        Mila em pé, Zabelão e Pão-de-ló sentados.

Zabelão
(Levantando-se decidida, com uma mão na cabeça, em uma espécie de forjado e excessivo desespero) Puta que pariu! Eu vou lá: tenho que ver minha princesa!

Mila
(Contendo-a, dramática, alimentando o jogo teatral de Zabelão) Não, Isabela, fica aqui. (Muito próxima a ela, roçando os seios nos seios de Zabelão) É melhor. (Zabelão olha com desejo para os seios de Mila) Ela já tá bem.
Pão-de-ló
Quem deu socorro?
Mila
Japinha, e eu.
Zabelão
Buceta! Já disse que não tem nada a ver ficar sem comer… Ela não me ouve. (Para Pão-de-ló) Parece uma psicose, “carái”...
Mila
(Subitamente) Eu vou voltar pra aula. (Olhando para Zabelão) Eu digo pra ela que cê tá aqui fora. 
Zabelão
Valeu, Mila. ‘Brigado por acudir minha “mulé”.

Mila mostra os dentes em um sorriso amarelo e silencioso, retirando-se em seguida.

Pão-de-ló
Quer fumar, Zabelão? Pra acalmar as idéias…
Zabelão
Cê tem?
Pão-de-ló
Uma “ponta”, mas é “da boa”…
Zabelão
Tá esperando o quê, mano? “Fogo na Babilônia”!


Pão-de-ló
(Sacando uma ponta de cigarro de maconha do bolso) Vê se rola algum “sujeira”…

Zabelão confere se alguém se aproxima.

Zabelão
Tá limpo!

Pão-de-ló lambe a “ponta”, acendendo-a com um isqueiro. Puxa a fumaça assobiando.

Zabelão
É, Lozinho… eu tô sabendo, viu?!
Pão-de-ló
(Passando-lhe o baseado, em tom anasalado) Sabendo o quê?
Zabelão
(Assobia também ao puxar a fumaça, estalando estridente e consecutivamente a língua no céu-da-boca) Do seu “trabalho”…
Pão-de-ló
De geografia?
Zabelão
(Irônica) É… de “geografia” do Arouche [ou zona de prostituição masculina do local da encenação]!
Pão-de-ló
(Recebendo o cigarro de Zabelão, sério) O quê cê tá sabendo?
Zabelão
Tudo. Tá ligado?!
Pão-de-ló
(Após puxar a fumaça) Qu’eu vou lá?

Zabelão
Tem um camarada meu que “saiu” com você.
Pão-de-ló
(Passando-lhe o cigarro) Nas baladas? (Aperta o nariz para manter a fumaça dentro dos pulmões)
Zabelão
(Puxando a fumaça) Uma “biba” conhecida minha que fez “programa” com você.

Pão-de-ló tem um acesso de tosse.

Zabelão
Relaxa, cara. (Passando-lhe a “ponta”) Não vou te entregar pra galera, não.
Pão-de-ló
É só bico, mesmo, Zabelão. Na “moral”: (Puxando fumaça) só vou com os caras quando tô quebrado… Cê sabe, o trampo lá na padaria de pai, não rende: é trabalho escravo, rei!
Zabelão
(Com sarcasmo) Pobre menino rico…
Pão-de-ló
É sério, maluco. (Passando-lhe o baseado) O coroa é mão de vaca. Tá ligado?
Zabelão
(Puxando fumaça) Quer dizer então que o “véi” galego da cabeça-branca é bôca-de-sífu…
Pão-de-ló
(Anasaladamente) Não é o quê, meu camarada?!



Zabelão
(Devolvendo-lhe a ponta do cigarro de maconha quase no fim) Sustentar vício né fácil não, mano: “Farinha” tá caro!
Pão-de-ló
Só… (Referindo-se à “ponta”) Vou “matar”! (Fumando o restante do cigarro) Morreu…
Zabelão
Quem diria… Lozinho, michê?!
Pão-de-ló
Porra, Zabelão, qual é?! Vai queimar meu filme?
Zabelão
Se a polícia te pega, cê tá fodido sacana… De menor “fazendo pista”?!
Pão-de-ló
Os “rôubo-cops” de lá já me conhecem. Tenho RG “de maior”.
Zabelão
Carteira de identidade “esquentada”?! “Úia”: Falsidade ideológica do cara!
Pão-de-ló
Meu lance é grana, Zabelão: din-din. Sacou?!
Zabelão
Só assim eu descobria qual era a tal “mina” lá do centro da cidade que você vivia falando tanto!
Pão-de-ló
Quem foi o viado que me entregou?
Zabelão
Tintinho.
Pão-de-ló
Tintinho?!                                                                                



Zabelão
Amiltinho... Ele tem um cross fox preto [ou outra marca atual de carro sofisticado]
Pão-de-ló
Tô sabendo.
Zabelão
O cara né fraco, não: advogado, sacana!
Pão-de-ló
De onde cê conhece ele?
Zabelão
Da night… (Advertindo-o) Se cuida, “carái”: tá cheio de aids por aí!
Pão-de-ló
Só transo com camisinha.
Zabelão
E se a camisinha estourar?
Pão-de-ló
Aids não tem cura, mas tem tratamento... Ta sabendo não?
Zabelão                                                                                                  
A biba disse que foi ela que te comeu, Lozinho!
Pão-de-ló
(Irado) Porra nenhuma! Vou encher aquele viado de porrada. Deixa eu encontrar com ele!
Zabelão
(Provocando Pão-de-ló) Não discrimino não, Lozinho: o cú é seu, cê dá ele pra quem você quiser!
Pão-de-ló
Que onda errada é essa, “véi”? Resolveu curtir com a minha cara, é?
Zabelão
(Sacaneando-o) Agora cê tá aqui, ó, (Mostrando a palma da mão) na minha mão.

Pão-de-ló
Olha a viagem do cara,?! Aí… Cai na real “maluco”.

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