domingo, 14 de agosto de 2011

CAMILA BAKER – A celebração do estranhamento


CAMILA BAKER – A celebração do estranhamento



FernandoMarinho

Fernando Guerreiro


Assistir à terceira encenação de Camila Baker por Guerreiro, na Bahia, na Sala do Coro do TCA, é um privilégio. Sem se repetir, Fernando reinventa o distanciamento crítico inaugurado por Meyerhold e sistematizado por Brecht investindo na alegria do conhecimento dos horrores do ser humano desde sempre.

Como ele mesmo afirma, o espetáculo é “uma homenagem ao Teatro” – um ritual dionisíaco regido competentemente por seu sacerdócio cênicodramático que sabe fusionar exemplarmente as máscaras da tragédia e comédia não renunciando ao entusiasmo juvenil das paixões.

Com a terceira edição de Camila Baker, Fernando Guerreiro resgata definitivamente o papel do encenador – obscurecido pela ênfase demasiada no virtuosismo personalista e cabotino das atrizes e atores, apoiados não desinteressadamente pela Indústria Cultural e por diretores teatrais que, renunciando à prerrogativa de criadores cênicos, aceitaram converterem-se em meros operadores da engrenagem artísticoestética sem problematizarem seus semblantes.

Ao longo da apresentação do texto dramático constata-se o pleno domínio das várias convenções teatrais por parte da corporalidade consciente do elenco sob a regência magistral de Guerreiro: luz, figurino, cenografia configuram um discurso semiótico coerente com a proposta cênica formulada inteligentemente pelo ativismo irreverente do que se denomina teatro mix (modalidade que valoriza modos de ser e pensar não hegemônicos aproveitando as contribuições de diferentes tradições socioculturais).

A renúncia ao “pano de boca” por parte da cenografia de Zuarte Jr reitera o enunciado contundente e afirmativo da encenação que não teme esconder os mecanismos que sustentam o palco como “caixa mágica” permitindo a “imersão” do espectador na atmosfera lúdica da atuação atualizada – como ocorre nos jogos eletrônicos de última geração em RV.

A lógica pós-modernista apresenta-se sem pudor de modo pujante como hiper-texto, através de elos ou “links” que permitem o ir e vir entre cenas. É o que intencionalmente pretende Guerreiro: “Corri atrás do autor e pedi que ele ligasse aquelas cenas e construísse uma trama, por mais absurda que fosse.”

Camila BaKer na Bahia inaugura a Pós-Modernidade nas práticas teatrais soteropolitanas e deve ser considerada um marco monumental do novíssimo teatro baiano. Só nos resta gritar euforicamente - Bravos guerreiros Marinho, Diogo, Widoto, Pisit e Rafael! Bravo Boechat! Bravíssimo Fernando! Evoé!

2011-08-13

2 comentários:

  1. aconselharei a você, como faço com meu irmão menor: antes de publicar os textos, revise-os, atentamente. ou peça a alguém que o faça pra ti. ex: neste texto você já demostra fragilidade na primeira palavra: usa "assitir", no infinitivo... erro grosseiro... consulte sua professora de português ou o google e certifique em qual erro incorreu. forte abraço!

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  2. A questão não é ser maior ou menor. É possuirmos culturas diferentes, modos de ser e de pensar não semelhantes. Na qualidade de zelador do padrão erudito da língua portuguesa, você deveria manter uniformidade na concordância da segunda pessoa do singular... Tolices. O que importa é o que se QUER dizer. Entendi seu objetivo. E você o meu. Mas, nada como as facilidades das versões digitais, sugeitas a reiteradas retificações...

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