Ricardo Ottoni - 2011 |
Por que vêz o cisco no olho do teu irmão e não reparas na trave que está no teu próprio olho? Tira primeiro a trave do teu olho; e então enxergarás bem para tirar o cisco no olho do teu irmão.
Lucas 6.41-42
Lucas 6.41-42
Mesmo utilizando “barreiras” de acesso aos conteúdos de OBSERVE, o blog, por permitir a “postagem” não administrada de comentários, está sujeito à veiculação de todo tipo de pensamento e expressão.
Quero transcrever aqui o comentário de um “blogueiro” à serviço do Teatro Vila Velha, que mantém um ambiente virtual (Teatro com Acarajé) para divulgação dos espetáculos teatrais apresentados naquele conjunto de sofisticados equipamentos destinado à apresentação de diferentes manifestações artísticas – financiado, em parte, por verbas generosas drenadas dos recursos públicos para amparo de ações culturais.
- aconselharei a você, como faço com meu irmão menor: antes de publicar os textos, revise-os, atentamente. ou peça a alguém que o faça pra ti. ex: neste texto você já demostra fragilidade na primeira palavra: usa "assitir", no infinitivo... erro grosseiro... consulte sua professora de português ou o google e certifique em qual erro incorreu. forte abraço!
- A questão não é ser maior ou menor. É possuirmos culturas diferentes, modos de ser e de pensar não semelhantes. Na qualidade de zelador do padrão erudito da língua portuguesa, você deveria manter uniformidade na concordância da segunda pessoa do singular... Tolices. O que importa é o que se QUER dizer. Entendi seu objetivo. E você o meu. Mas, nada como as facilidades das versões digitais, sugeitas a reiteradas retificações...
Qualquer um que tente inserir um comentário no blog administrado pelo sujeito responsável pelo “linchamento” do material de minha autoria constatará que a veiculação de seu ponto de vista, ali, está sujeita à “aprovação”. Ao contrário de inúmeros blogs, entre os quais se encontra OBSERVE, comentários de seguidores e eventuais “visitantes” são publicados “automaticamente” e na íntegra, sem nenhum tipo de interferência ou “censura”.
Surpreendeu-me, apesar de já familiarizado ao longo da minha prática pedagógica presencial e à distância com todo tipo de objeção aos meus pontos de vista, o modo deselegante e vulgar – chulo – com o qual um "formador de opinião", representante do Teatro Vila Velha (organização cultural revitalizada graças ao prestígio e empenho pessoal do ex-Secretário de Cultura do Estado, Márcio Meirelles), expressou sua “intolerância” para com o texto de minha autoria, que trata de apresentar um despretensioso e informal “protocolo” (registro) de recepção do espetáculo Camila BaKer.
A agressão verbal virtual registrada em OBSERVE equivale aos ataques homofóbicos “de surpresa” à integridade física de transeuntes em vias publicas observados recentemente na Avenida Paulista – que foram julgados e condenados, sem direito a defesa, pela mentalidade alienada dos agressores, à serviço dos interesses dos modos hegemônicos intolerantes e silenciadores da diversidade sociocultural.
Não vale a pena discutir com este tipo de gente. Eles não sabem, não querem saber nem deixam saber nada que possa ferir seus interesses amesquinhados pela reificação da normatização de condutas ou modos de expressão.
A “careta” do macaco fixa-lhe o semblante pela captura digitalizada de sua “irreverência” pitoresca. A máscara antropóide diz por si mesma, para qualquer observador minimamente instruído, de sua indisposição ao diálogo, do triunfo da animalidade, do seu “direito natural” como elucida razoavelmente Rousseau no capítulo terceiro do Contrato Social: “O mais forte nunca é suficientemente forte para ser sempre senhor, senão transformando sua força em direito e a obediência em dever... Ceder à força constitui ato de necessidade, não de vontade, quando muito, ato de prudência. Em que sentido poderá representar um dever?”
Para finalizar o que tenho a dizer sobre a ocorrência constatada em OBSERVE transcrevo fragmento do texto dos Parâmetros Curriculares Nacionais para Língua Portuguesa veiculado na página 46: “O domínio do diálogo na explicitação, discussão, contraposição e argumentação de ideias é fundamental na aprendizagem [aprendizado] da cooperação e no desenvolvimento de atitude de autoconfiança, de capacidade para interagir e de respeito ao outro. A aprendizagem [aprendizado] precisa então estar inserida em ações reais de intervenção.” (p. 46)
Por favor?! Não estamos preocupados em discutir se recém-nascido deve ser grafado com ou sem hifem. Interessa-nos, antes, investigar o que justifica a perversa prática de neonatos serem lançados, cada vez mais frequentemente, em latas de lixo ou abandonados à própria sorte na desigual sociedade brasileira contemporânea.
Nosso silêncio diante do “chilique” do zelador do “dendê no acarajé”, ocupado em garantir a reificação das normatizações ortográfica e gramatical da Língua Portuguesa, equivaleria ao consentimento na alienação generalizada das práticas da lectoescrita.
Uma alimentação estética menos indigesta seria bem-vinda... :-)
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