Passam a desenvolver o próximo item do capítulo intitulado Terapia Social [Social Theraphy] conceituando o que por eles é referido por esta consigna: a abordagem clínica não científica, não interpretativa, não autêntica, relacional e teórico-metodologogicamente fundamentada no conceito materialista-históricodialético de ATIVIDADE que vem sendo desenvolvida e aperfeiçoada pelos autores e seus colaboradores nos últimos vinte e cinco anos, ou seja, uma prática clínica que, provisoriamente, poderia ser caracterizada como psicologia clínica desenvolvimental.
Consideram sua prática clínica uma antipsicologia por desafiar as raízes míticas da Psicologia Hegemônica, algo que consideram ter deixado bastante claro no capítulo sétimo do livro. No entanto esclarecem que rejeitar o “conto” da Psicologia sobre o desenvolvimento não implica rechaçar a existência da atividade em desenvolvimento do psiquismo humano.
Enfatizam o foco nos processos criativos de colaboração da linguagem na prática clínica opondo-se ao modo usualmente reificado de relacionar-se com as palavras - dominante nos processos psicoterápicos. Revelam sua preocupação com abordagens não desenvolvimentais modernistas e neomodernistas que usam a psicologia e a psiquiatria oportunisticamente para se autojustificarem.
Reiteram que seu compromisso é com o alívio dos sintomas e busca colaborada para desvendar os mecanismos de controle ocultos em “rótulos” científicos reificados para as supostas causas da “doença” do paciente.
Consideram exitosos seus empreendimentos no tratamento da dor e do sofrimento emocional das pessoas através da conscientização dos processos de “recalcamento” dos propósitos ideológicos, moralizantes, metafísicos e cognitivistas dos “rótulos” e “estigmas” medicalizantes usados subrepticiamente pela Psicologia hegemônica.
Sua preocupação clínica recai nos efeitos devastadores da “psicologização” banalizadora institucionalmente ratificada que orienta em geral as práticas terapeuticas supostamente “científicas” - amplamente consideradas “corretas” e aceitas acriticamente pelos considerados “doentes mentais.”
Para os autores, só com a experimentação colaborada de novas formas de pensar e atuar (performar) em grupo seria possível promover um processo de empoderamento do “enfermo” e o apoio a novos modos de ele atuar e pensar o mundo. Neste sentido, uma abordagem performática - que valorize a coconstrução de significados na linguagem (verbal e não verbal) usada pelos enunciados no grupo terapêutico – auxiliaria as pessoas comuns a vivenciarem a capacidade humana de transformar, criar e recriar colaboradamente “quem ainda não se é” [Who we are not (p. 168)], libertando-se do aprisionamento paralizante antidesenvolvimental dos rótulos e estigmas medicalizantes de sua conduta.
Encerram o capítulo reiterando que, para isso, é fundamental opor-se radicalmente aos pressupostos antidesenvolvimentais supostamente “científicos” da Psicologia hegemônica.
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