domingo, 26 de dezembro de 2010

ERA UMA VEZ A PSICOLOGIA CIENTÍFICA... (3)

A PRIMEIRA PARTE do livro intitulada Alguns contos filosóficos [Some stories of Philosophy] é uma breve exposição da emergência da filosofia ocidental dominante, cuja gênese costuma-se vincular ao pensamento grego da antiguidade - organizado sistematicamente por Platão e seu discípulo e crítico Aristoteles.

Os autores advertem que, de modo algum, ao reconhecerem a relevância das noções de abstração e autoconsciência como importantes contribuições da filosofia grega helênica para o entendimento do psiquismo humano, estão aderindo ao equívoco evidente, embora usual, de considerar a cultura do povo grego, implícita ou explicitamente, superior às dos demais povos da Antiguidade.Para eles, o discurso sobre o pensamento intelectual fundado na autoconsciência e na abstração dos gregos não deve ser considerado menos superior que os feitos extraordinários dos grupos humanos que construíram as grandes civilizações no nordeste da África, Índia, China e Américas no período pré-helênico.

Holzman&Newman esclarecem que o pensamento filosófico grego ao converter-se em sócio da Religião (Cristianismo escolástico), da Política (Estados fundados em contratos sociais), da Ciência e Tecnologia (Matematização e objetificação da Natureza) e da Psicologia (Dualismo Corpo-Mente cartesiano e kantiano) passa a exercer hegemonia plena no mundo ocidental, esculpindo, ao longo dos séculos, os modos de pensar, falar, sonhar e de ser dos seres humanos.

Todavia, para ambos, a opulenta filosofia racionalista ou sistemática dos gregos, em razão da calcificação conceitual de sua estrutura, começa a apresentar rachaduras e a ruir ocasionando a sua “morte”. Isto, a morte da Filosofia - e não a morte do Comunismo - é o que sela definitivamente o encerramento do século XX na opinião dos autores [“... the singularly significant event of this, the twentieth century, is likely to be not the death of communism, but the deth of philosophy.” (p.14)]

Comprometem-se a evidenciar, na segunda parte do livro, a autodestruição da Filosofia e sua eutanásia pela Psicologia – filha abortada de sua “cópula” com a Ciência.
Concluem perguntando-se sobre os caminhos do desenvolvimento humano e até mesmo se qualquer desenvolvimento seria possível após isso. Indagam quais novas “estórias da carochinha” [Children/stories] seriam criadas pela Psicologia e contadas às pessoas e como elas seriam convincentemente recriadas.

Finalmente opõem-se abertamente a Francis Fukuyama quando este alardeia que a Pós-Modernidade é “o fim da história” [The end of history].

Os autores estão convencidos de que a história continua, mas sem a Filosofia.


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