sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

ERA UMA VEZ A PSICOLOGIA CIENTÍFICA... (1)

Os autores, honestamente, apresentam-se no prefácio como ativistas pós-modernos, membros de uma comunalidade de práticas desterritorializada e sem fronteiras espaciais, isto é, de um lugar imaterial do qual pessoas podem observar e compreender o fluxo histórico do desenvolvimento humano de modo privilegiado, por interagirem movidas por um processo initerrupto de busca de aperfeiçoamento e aprendizado sóciocultural contínuo, em permanente movimento, sem “muralhas acadêmicas” embora conectadas satisfatoriamente com sólida tradição de pesquisa: a prática do método.

A prática do método por parte da comunalidade práticoativista da qual são portavozes os autores contrapõe-se à ortodoxia paralizante do método da prática. Eles explicam que o método para os ativistas-praticantes não é algo que se aplica a algo, mas uma atividade “para si” - que se distingue da atividade “em si” (no sentido marxiano).

O método, antes de ser concebido como “instrumento para resultado” é vivido como “instrumento e resultado” segundo a tradição práticoativista inaugurada por Lev Vigotskii: “O método é, ao mesmo tempo, pré-requisito e produto, o instrumento e o resultado do estudo”. [Vigotskii, L. S. (1996) Problemas de método. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, cap. 5, p.86.]

Os práticoativistas da comunalidade em desenvolvimento à qual se vinculam os autores definem-se não tanto como uma universidade sem muralhas [“university without walls”] mas, antes, como  muralhas sem escolarização [“walls without a university”].

Os autores sugerem que nós, leitores, coloquemos "em prática" o livro, na esperança de que seus escritos possam nos auxiliar a compreender mais e melhor a condição humana.

NOTA EM RODAPÉ:
Para maiores esclarecimentos à respeito da prática do método pelos práticoativistas deve-se conferir NEWMAN, F. & HOLZMAN, L. (2002) Praxis – A metodologia instrumento-e-resultado e a psicologia de Vigotskii. Lev Vygotsky cientista revolucionário. São Paulo: Loyola, cap. 3, p.45-69]

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