terça-feira, 7 de setembro de 2010

SODOMA Cabaré Narguilé [fragmento 5]

Lily Trousse


(Cantarola) “Tchau, YOU have to go now, YOU have to go now… Tchau!” Palmas parassimpáticas pra Mona Lisa FastFood! Ai... Zap darling! [Usando a trousse como controle remoto] É ótimo ter a posse do controle remoto, não... Adoro dar um “zapping” rápido... (Para alguns espectadores) Tchau bofe! Zap mona! (Gargalha) Tchau pra você! “Zapping for you”!

Escurecimento rápido. Foco tênue sobre um dispositivo cênico. Nele um rapaz adormecido encontra-se numa cama de hospital com a perna engessada, sem camisa e com lençol sobre o resto do corpo, até o umbigo. Uma senhora lhe faz companhia. Aparece um outro rapaz.

Rapaz/Visitante do enfermo

Como ele está?

Cuidadora do enfermo

Dormiu. (Tempo e silêncio) Fica um pouquinho aqui pra eu ir fazer um lanche?

Rapaz/Visitante do enfermo

Tá!

O visitante abre uma garrafa de água mineral que está sobre a mesa de cabeceira da cama e toma um pouco de água num copo descartável. (Tempo) Percebe que o rapaz enfermo adormecido começa a erguer o pênis sob o lençol. Atraído pela imagem do membro em riste do amigo, aproxima a mão da sua superfície sem tocá-lo. Excitado pela visão do pênis erecto do amigo, olha para o lado por onde saiu a mulher. Em um ato tresloucado, após se conter até o limite, apanha irresistivelmente e com força o membro do rapaz. O foco de luz torna-se intenso instantaneamente como em um susto ao som de um toque instrumental forte, agudo e inesperado. O visitante deixa o ambiente rapidamente e o rapaz levanta o tórax em abdominal, despertando atônito.

Enfermo

(Olhando para direções opostas) Juninho?!

Escurecimento lento do foco ao tempo em que o rapaz volta a recostar-se na cama. Música. Telões exibem imagens de Sigmund Freud.




Um novo foco se acende sobre outro dispositivo cênico no qual está o balcão de um bar americano. O visitante do enfermo adentra o bar e toma seguidas doses de uísque a cowboy. O barman faz malabarismos com garrafas de bebidas alcoólicas e chacoalha um drinque pontuando percussivamente em imagens a cena. Uma biba se aproxima do balcão.

Biba

(P/ o Barman) Uma água mineral

Barman

Comum?

Biba

Do Candeal, lóóógico!

O barman serve a água. A biba sorve todo o conteúdo. Telões exibem imagens do interior de bares gays e hetero e animações psicodélicas. A biba volta-se para o rapaz assediando-o em abordagem “de rotina.” O dipositivo cênico se desloca pelo espaço girando em torno da pista central

Biba

Ôi?!

O rapaz não responde e nem olha pra ela. O barman imprime velocidade à chacoalhada do drinque que prepara, comentando percussivamente a cena.

Biba

(Tomando assento em um banco próximo ao rapaz) Posso?! (O rapaz não responde. Para a plateia, entre os dentes) Quem cala consente... (Para a platéia com desejo incontido) Que pernas grossas... (Para o rapaz) Jogador de futebol?

Comentário percurssivos do Barman. O rapaz permanece em silêncio.

Biba

(Insistindo) Já experimentou água mineral do candeal? (O rapaz permanece calado) É uma água “batizada”... com aquele pozinho branco... Experimenta...

O rapaz pede com gestos a água ao barman. O barman o serve. O rapaz toma todo o conteúdo da garrafa em um só trago e deixa o balcão. A biba o segue efetuando um comentário crítico cúmplice para o público em forma de beijo sugando as faces. O Barman recolhe os copos. Escuro.

Volta o foco sobre a cama onde está o enfermo que agora se masturba sob o cobertor ao som da mesma sequencia sonora que anima o bar americano até atingir o orgasmo. Telões voltam a exibir imagens de Sigmund Freud mixadas com jatos de gêiser e estouro de fogos de artifício. O foco sobre a cama volta a escurecer à medida em que o enfermo relaxa após gozar. Luz acende-se sobre outro dispositivo cênico no qual encontra-se o rapaz/visitante do enfermo urinando em um beco escuro, iluminado tenuamente só até a cintura. A biba entra e se posiciona a seu lado.


Rapaz/Visitante do enfermo

(Sacodindo a urina do pênis) Quer pegar?

A biba exita.

Rapaz/Visitante do enfermo

Vai, pode pegar...

A biba o toca.

Rapaz/Visitante do enfermo

Cê gosta né? Põe na boca, safado!

A biba megulha no escuro para realizar felação no rapaz. Escurecimento súbito. Na pista de dança central iluminada por um novo foco Lily Trousse anuncia a próxima atração.

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