quinta-feira, 17 de novembro de 2011

105º aniversário do nascimento de L. S. Vigotskii


HÁ 105 ANOS ATRÁS NASCIA VIGOSTKII

17 DE NOVEMBRO
CENTÉSIMO QUINTO ANIVERSÁRIO DO NASCIMENTO DE VIGOTSKII





                               Liev Semionovich Vigotskii 1896 – 1934


                          

A imaginação é um processo psicológico novo para a criança; representa uma forma especificamente humana de atividade consciente, não está presente na consciência de crianças muito pequenas e está totalmente ausente em animais.”  [1]  (Destaques meus)

"O brinquedo [faz-de-conta] fornece ampla estrutura básica para mudanças das necessidades e da consciência. A ação na esfera imaginativa, numa situação imaginária, a criação das intenções voluntárias e a formação dos planos da vida real e motivações volitivas - tudo aparece no brinquedo [faz-de-conta], que se constitui, assim, no mais alto nível de desenvolvimento pré-escolar. A criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de brinquedo [faz-de-conta]." [2]  (Destaques meus)

O nivelamento e a correção do desenho infantil  [e da expressão artística infantil em geral] significam apenas uma grosseira interferência na estrutura psicológica da sua vivência e ameaça servir como obstáculo a tal vivência. (...) Por isso a plena liberdade da criação infantil, a renúncia à tendência a equipará-lo [o psiquismo infantil] à consciência do adulto e o reconhecimento de sua originalidade, das sua peculiaridades, constituem as exigências básicas da psicologia.”  (Destaques meus) [3]

“O único educador capaz de formar novas reações no organismo é a própria experiência... A rigor,,do ponto de vista científico, não se pode educar a outrem [diretamente]. Não é possível exercer uma influência direta e produzir mudanças em um organismo alheio, só é possível educar a si mesmo, isto é, modificar as reações inatas através da experiência... a criança educa a si mesma... o critério psicológico exige que se reconheça que, no processo educativo, a experiência pessoal do aluno é tudo. A educação deve ser organizada de tal modo que não se eduque ao aluno, mas que este se eduque a si mesmo... Na base do processo educativo deve estar a atividade pessoal do aluno, e toda a arte do educador deve restringir-se a orientar e regular esta atividade... Chegamos, assim, à fórmula do processo educativo. A educação é realizada através da própria experiência do aluno, que é totalmente determinada pelo ambiente; a função do professor se reduz à organização e à regulação de tal ambiente... A meta da educação não é a adaptação ao ambiente já existente, que pode ser efetuada pela própria vida, mas a criação de um ser humano que olhe para além do seu meio... Não concordamos com o fato de deixar o processo educativo nas mãos das forças espontâneas da vida...No processo de educação e com esta nova concepção, a importância do professor é incomensuravelmente maior. Ainda que seu papel aparentemente dimunua quanto à sua atividade externa, pois passa a ensinar menos... O poder desse professor sobre o processo educativo é muito maior que o poder do professor de outrora... O professor desempenha um papel ativo no processo de educação: modelar, cortar, dividir e entalhar os elementos do meio para que este realizem o objetivo buscado. O processo educativo, portanto, é trilateralmente ativo: o aluno, o professor e o meio existente entre eles são ativos.” (Destaques meus) [4]


Ricardo Japiassu



A capacidade de combinar o “antigo” com o “novo” fornece as condições necessárias para a atividade criadora. Vigotskii considera que a imaginação nutre-se de materiais tomados da experiência vivida pela pessoa. É com base nisso que ele postula a principal lei à qual se subordina a “função imaginativa”: quanto mais rica for a experiência humana, maior será o material colocado à disposição da imaginação.[5] Desta lei resulta o compromisso pedagógico das intervenções educativas para com a de ampliação da experiência cultural das pessoas – se o objetivo for mesmo oportunizar uma experiência “rica” para que elas sejam capazes de se desenvolverem plenamente como seres humanos e fortalecerem sua capacidade criadora-inovadora-empreendedora.


[1]  VYGOTSKY, L. S. (1996).  A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, p.122.
[2] VYGOTSKY, L. S. (1996). A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994, p. 135.
[3] VYGOTSKY, L. S. (2001). Psicologia pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, p. 346.
[4] VIGOTSKI, L. S. (2003) Psicologia Pedagógica – Edição comentada por Guilhermo Blanck. Porto Alegre: Artmed, pp. 75-79.
[5] VYGOTSKY, L. S. (1982) La imaginación e el arte em la infancia – ensayo psicológico. Madrid: Akal, p. 17.

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