AO DOIS DE JULHO
Por Antônio de Castro Alves (1847- 1881)
Poema em louvor ao Dois de Julho escrito com dezessete anos, datado de Recife aos 2/07/1864 [1]
Índio gigante adormecera um dia:
Junto aos Andes por terra era prostrado;
Direis um colosso deslocado
De um pedestal de imensa serrania.
Dos ferros a tinir a voz sombria
Desperta-o... Ruge-lhe o trovão um brado.
Roçam-lhe a fronte as nuvens... sopesado
À destra o fulvo raio lhe alumia.
Foi luta de titães, luta tremenda!
Enfim aos pés do Atlante americano
S’estorce Portugal n’agústia horrenda.
E hoje o dedo de Deus escreve ufano:
Tremei, tiranos, desta triste lenda;
Livres, erguei o colo soberano!
[1] SENA, Consuelo Pondé de. (2000). Castro Alves e o Dois de Julho. Revista da Bahia. Salvador: Egba, v. 32, n. 32, Dez., pp 62-71, p. 68.
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