sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A PRESENÇA GAY NA DIFUSÃO DO EVANGELHO DE JESUS CRISTO

BÍBLIA SAGRADA Almeida Século 21 (2008) Filipe e o eunuco in: Atos dos apóstolos. Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, pp. 1094-1134,pp.1036-1037,cap. 8, versículos 26 a 40.


Cruz Caída de Mario Cravo
Belvedere da Sé - Salvador/BA

ATOS 8: 26-40

Filipe e o eunuco

26. Mas um anjo do Senhor falou a Filipe: Levanta-te e vai em direção ao sul, pelo caminho deserto que desce de Jerusalém para Gaza.
27. Ele se levantou e foi. Um eunuco etíope, adminstrador de Candace, rainha dos etíopes, e superintendente de todos os tesouros, que tinha ido a Jerusalém para adorar,
28. voltava para casa e, sentado na sua carruagem, lia o profeta Isaías.
29. E o Espírito disse a Filipe: Aproxima-te e acompanha a carruagem.
30. Filipe correu e ouviu que o homem lia o profeta Isaías; e perguntou: Entendes o que estás lendo?
31. Ele respondeu: Como poderei entender, a não ser que alguém me ensine? E pediu a Filipe que subisse e se sentasse.
32. A passagem da Escritura que ele estava lendo era esta: “Foi levado como ovelha ao matadouro e, como um cordeiro mudo diante de quem o tosquia, não abriu a boca.
33. Na sua humilhação a justiça lhe foi tirada. Quem relatará sua geração? Por que sua vida é tirada da terra?”
34. Respondendo, o eunuco disse a Filipe: Por favor, de quem o profeta está falando isso? De si mesmo ou de outro?
35. Então Filipe passou a falar e, começando por essa passagem da Escritura, anunciou-lhe o evangelho de Jesus.
36. E prosseguindo, chegaram a um lugar onde havia água, e o eunuco perguntou: Aqui há água; que me impede ser batizado?
37. Filipe disse: É permitido, se crês de todo o coração. E ele respondeu: Creio que Jesus Cristo é o filho de Deus.
38. Então ele mandou parar a carruagem, e desceram ambos à água, tanto Filipe quanto o Eunuco, e Filipe o batizou.
39. Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe. O eunuco não mais o viu e, alegre, seguiu o seu caminho.
40. Mas Filipe achou-se em Azoto e, viajando, evangelizava todas as cidades, até que chegou à Cesaréia.



JESUS FALA DAS ORÍGENS BIOLÓGICAS E SOCIOCULTURAIS DA HOMOSSEXUALIDADE (segundo o testemunho de Mateus)



BÍBLIA SAGRADA (1963) Sobre o divórcio In: Mateus. Novo testamento. Rio de Janeiro-Inglaterra-Brasil: SBB, pp. 1-38, p. 25, cap. 11, versículos 10 a 12.

MATEUS 19: 10-12


Sobre o divórcio


10. Disseram-lhe os discípulos: Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar.
11. Jesus, porém, lhes respondeu: Nem todos são aptos para receber este conceito [homem], mas apenas aqueles a quem é dado.
12. Porque há eunucos [gays] de nascença; há outros a quem os homens fizeram tais; e há outros que a si mesmo se fizeram eunucos, por causa do reino dos céus. Quem é apto para o admitir [ser homem], admita.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

SODOMA Cabaré Narguilé [fragmento 3]

Sobre a pista de dança iluminada Lily Trousse performa uma canção entre dois go-go-boys que usam suporte atlético e botas pretas ao som do trio tabaqueiro. O trio tabaqueiro é composto por zabumba, triângulo e sanfona e deve comentar percussivamente as ações dramáticas ao longo da encenação, podendo se deslocar e surgir em diferentes locais da cena. A canção é cantada na versão em português alternada com o original em inglês [ou dublada do original].

SKIN PELE

Do I know you from somewhere/Sei que a gente já se viu
Why do you leave me wanting more/Por que me leva a querer-te mais
Why do all the things I say/Por que tudo que digo
Sound like the stupid things I said before/É como tudo que eu já disse

Kiss me I’m dying/Me beija, tô morrendo
Put your hands on my skin/Pega forte em mim
I close my eyes/Fecho o olho
I need to make a connection/Preciso me ligar
I’m waiting on a thin line/Tô naquele limite

I close my eyes/Fecho o olho
I close my eyes/Fecho o olho

Do I know you from somewhere/Sei que a gente já se viu
Why do you leave me wanting more/Por que me leva a querer-te mais
Why do all things I say/Por que tudo que digo
Sound like the stupid things I said before/É como tudo que eu já disse

Touch me I’m trying/Me toca, tô tentando
To see inside of your soul/Ver sua alma por dentro
I’ve got this thing/É isso ai

I want to make a correction/Quero conexão já

I’m not like this all the time/Não sou sempre assim
You’ve got this thing/É isso aí

You’ve got this thing/Você sacou

Do I know you from somewhere/Sei que a gente já se viu
Why do you leave me wanting more/Por que me leva a querer mais
Why do all the things I say/Por que tudo que digo
Sound like the stupid things I said before/É como tudo que eu já disse

Kiss me I’m dying/Me beija, tô louca
Put your arms on my skin/Me abraça forte

I close my eyes/Fecho o olho

I need to have your protection/Preciso do seu cobertor

I close my eyes/Fecho o olho
I close your eyes/ E fecho o seu

Do I know you from somewhere/Sei que a gente já se viu
Why do you leave me wanting more/Por que me leva a querer mais
Why all the things I say/Por que tudo que digo
Sound like the stupid things I said before/É como tudo que eu já disse



Lily agradece os aplausos delimitada por intenso foco de luz.



Lily Trousse

Obrigada! Como boa pistoleira e anfitriã que sou prometo-lhes que o rebanho de bofes fará uma strip completa mais adiante. Criar boi-bofe hoje em dia, à solta no pasto, é um problema... Se você cochilar, roubam um na calada da noite. Sério! Problema. Um bom bofe já é problema... Imagine um rebanho?! E olha que o que tem de gente integrante do MSB de olho... (Para alguém da platéia) Não sabe o que é MSB? Movimento dos Sem Bofe! Mas deixemos a democratização do acesso aos bofes para a militância em favor da igualdade dos direitos aos prazeres sexuais e vamos seguir com a programação chamando ao “queijão” [a pista de 360º] a troupe GayClowns formado exclusivamente por três palhacinhas muito abusadas. Rachadas, É com vocês!



As GayClowns sobem no queijão ao som do trio tabaqueiro e iniciam sua performance.






Primeira Palhaça

Alguem atravessou a fronteira de Sodoma e aqui descobriu um novo continente. Atrás dele outros fizeram a travessia e aqui se divertiram a baixo custo...

Segunda e Terceira Palhaças

Mas a diversão custa caro!

Segunda Palhaça

Alguem deveria construir uma máquina para acionar o queijão fazendo-o girar... Mas muitos trabalham sobre o queijo...

Terceira Palhaça

Muitos se admiraram com o movimento do queijo e descobriram coisas...

Primeira e Segunda Palhaças

Mas a diversão não é de graça!

Primeira Palhaça

Pelo contrário: sem dinheiro não dá para se divertir!



Soa um acorde percussivo. As palhaças tomam posição para o início da primeira performance.












Terceira Palhaça/Biscateiro 1

(Cozinhando com colher de pau “ovos” dentro de uma lata) Nham... Nham... Nham...

Segunda Palhaça/Biscateiro 2

Hummn...

Terceira Palhaça/Biscateiro 1

Nossos ovos estão quase cozidos e já podemos comê-los...

Primeira Palhaça/Bofe Poeta

(Entrando em cena) Como vocês conseguiram os ovos?

Segunda Palhaça/Biscateiro 2

Lavamos carros...

Terceira Palhaça/Biscateiro 1

Furtamos de um galinheiro!

Primeira Palhaça/Bofe Poeta

Tambem quero comer!

Terceira Palhaça/Biscateiro 1

(A parte) Mania de bofe em assaltar a geladeira?!

Segunda Palhaça/Biscateiro 2

Relaxe, “coisinho”... Ela está estressada com a falta de grana pra o michê... Você vai comer, lindo...

Primeira Palhaça/Bofe Poeta

Vou?!

Terceira Palhaça/Biscateiro 1

Não!

Segunda Palhaça/Biscateiro 2

Vai!

Primeira Palhaça/Bofe Poeta

(Sedutor para a Segunda Palhaça) Cê vai deixar eu comer, vai?

Terceira Palhaça/Biscateiro 1

(A parte) Ela adora fazer caridade! É a irmã Dulce dos bofes “quebrados”...

Primeira Palhaça/Bofe Poeta

Vocês não vão perguntar o que eu fiz?

Terceira Palhaça/Biscateiro 1

Nem precisa, pela sua cara e por seu bafo é facil saber que você foi fodido e mau pago... Ou melhor, caiu no “boa-noite-cinderela”... Pombo sujo! (Gargalha exageradamente)

Segunda Palhaça/Biscateiro 2

(Para a Terceira Palhaça) Cruela! Erva venenosa! Língua de naja! Deixa o bofe falar... (Para o bofe poeta) Diga meu fofo, o que foi que você fez?

Primeira Palhaça/Bofe Poeta

Eu fiz um poema...

Terceira Palhaça/Biscateiro 1

(Gargalhando) E o que você conseguiu por ele?

Primeira Palhaça/Bofe Poeta

Espero ser aplaudido por tê-lo criado...

Segunda Palhaça/Biscateiro 2

Fale, diga... Recite o seu poema pra mim!

Terceira Palhaça/Biscateiro 1

(Para a Segunda Palhaça) Calma mulé! (A parte) A criatura já está com o cu batendo palma antes do bofe começar a vomitar a criação artística dele...

Primeira Palhaça/Bofe Poeta

Chama-se “Sincronicidade” e o fiz dedicado a Jung?

Segunda Palhaça/Biscateiro 2

Essa Jung aí é bofe, biba ou rachada?

Primeira Palhaça/Bofe Poeta

Carl Gustav Jung, o “aluno decaído” de Freud

Terceira Palhaça/Biscateiro 1

(A parte) Em boca fechada não entra mosquito...

Primeira Palhaça/Bofe Poeta

Ele estudou a psicanálise de Freud e ampliou o conceito de inconsciente, tonando-o coletivo...


A Terceira Palhaça boceja enfadonha.


Primeira Palhaça/Bofe Poeta

Ele identificou origens da realidade criativa nas estruturas arquetípicas...

Segunda Palhaça/Biscateiro 2

Cê tá “fumado” bofe?

Terceira Palhaça/Biscateiro 1

O “queijo” deu barato... Tá viajandão, né?!

Primeira Palhaça/Bofe Poeta

Ele fala da criatividade artística enraizada nas estruturas arquetípicas...

Terceira Palhaça/Biscateiro 1

(Mexendo a lata com a colher de pau) Desembucha de uma vez assombrado!

Primeira Palhaça/Bofe Poeta

É sobre a sincronicidade das idéias de Jung com as do pensamento oriental...

Terceira Palhaça/Biscateiro 1

Os ovos já estão prontos! Podemos comer...

Segunda Palhaça/Bicateiro 2

(Para Bofe Poeta) Você não quer comer?

Primeira Palhaça/Bofe Poeta

Quero. Mas antes preciso dizer meu poema...

Terceira Palhaça/Bicateiro 1

É muito longo esse poema?

Primeira Palhaça/Bofe Poeta

Existem poemas longos e curtos... O meu é curto

Segunda Palhaça/Biscateiro 2

Então fala logo que minha barriga tá reclamando! Adoro um poeminha assim curto...

Primeira Palhaça/Biscateiro 1

(Para o público) Ah sujeita dissimulada...

Primeira Palhaça/Bofe Poeta



SINCRONICIDADE



Numa singular tarde

Onde o silêncio era absoluto

O inconsciente ousou cruzar

O negro abismo que o separava

Da consciência

E veio a tona gritando como um deus irado:

- Irmã consciência, você que boia feliz na superfície

Sabia que precisa de mim

Para ocultar seus sonhos mais secretos?

Sem esperar resposta o inconsciente

Submergiu veloz no negro abismo...

Depois disso, você e eu não somos mais os mesmos...



Segunda Palhaça/Biscateiro 2

Já acabou? É só isso?

Primeira Palhaça/Bofe Poeta

Terminei.

Terceira Palhaça/Biscateiro 1

Pronto. O “cueio” [coelho] já “gozou”... Agora vamo comer!

Primeira Palhaça/Bofe Poeta

Onde está o aplauso?

Segunda Palhaça/Biscateiro 2

Há ovos suficiente para nós três... Você come conosco?!

Primeira Palhaça/Bofe Poeta

Cadê o aplauso?! Se não me derem o que estou acostumado a receber, não precisamos comer!



Num acesso de ira o Bofe Poeta alcança a lata e esparrama os ovos cozidos pelo chão, os pisoteia e sai correndo.



Segunda Palhaça/Biscateiro 2

(Atirando-lhe alguns ovos que foram esparramadas no chão) Cai na real “saci”! Tá doido?! Pirou?!

Terceira Palhaça/Biscateiro 1

(Em desespero catando os ovos esparramados e pisoteadas pelo bofe poeta) Não atire nele os ovos! Não existe nada pior do que desperdiçar comida! (Para o Bofe Poeta) Isso aqui não é trote de calouro em universidade burguesa não, ô “rato”!



A Segunda Palhaça ajuda a Primeira Palhaça a recolher os ovos, colocando-os de volta na lata.



Primeira Palhaça

Raramente um pensador vem até Sodoma... O mais importante é estar de acordo com o que acontece aqui...

Segunda Palhaça

Muitos dizem sim, sem estar de acordo

Terceira Palhaça

O que importa é estar aqui!


Escurecimento súbito e foco móvel sobre Lily acompanhando-a em seu deslocamento.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

CARTA-POEMA AOS ROMANOS Epístola de Paulo aos Romanos

BIBLIA SAGRADA [Tad. José F. de Almeida] (1965). ROMANOS,14: 13-23.

Brasil-Inglaterra: SBB, p.153-167,p. 165



A liberdade e a caridade

Não nos julguemos mais uns que aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão.

Eu sei, e disso estou persuadido no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesmo impura, salvo para aquele que assim a considera; para este é impura.

Se por causa de comida o teu irmão se entristesse, já não andas segundo o amor fraternal. Por causa da tua comida não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu.

Não seja, pois, desprezado o vosso bem. Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.

Aquele que deste modo serve a Cristo, é agradável a Deus e aprovado pelos homens.

Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também de edificação de uns para com os outros.

Não destruas a obra de Deus por causa de comida. Todas as coisas, na verdade, são limpas, mas não é bom para o homem o comer por escândalo.

É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer coisa com que teu irmão venha a tropeçar.

A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante a Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova.

Mas aquele que tem dúvidas, é condenado, se comer, porque o que faz não provem da fé, e tudo que não provém da fé é pecado.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

DRAMATURGIA EM PEDAÇOS

Dramaturgia em Pedaços é um experimento em andamento no OBSERVE que prevê a veiculação de textos dramáticos em fragmentos, sem pressa ou urgência, objetivando aproveitamento de críticas e sugestões de eventuais leitores na colaboração do material apresentado. Os textos podem ser propostos pelos usuários e seguidores do blog ou a partir de iniciativa do OBSERVATÓRIO DO DESENVOLVIMENTO CULTURAL.

Como provocação inicial serão veiculados fragmentos do texto dramático SODOMA Cabaré Narguilé de Ricardo Ottoni, registrados na SBAT, mas sujeito a alterações com base nas contrapropostas dos seguidores do blog não se fixando à sua forma literária dramática inicial.

SODOMA é uma "montagem de atrações" (uma espécie de revista em mosaico ou colagem) interligadas pela animação/apresentação de uma drag queen anfitriã (apresentadora/cabaretier/hostess) denominada Lily Trousse.

Além das atrações elencadas no roteiro original, outras podem e devem ser propostas pelos colaboradores.

Performances singulares ou em grupos, já previamente preparadas e eventualmente "prontas" para subirem ao "queijo" (palco móvel circular) do Cabaré Narguilé Sodoma para enriquecerem a programação da "boite" - na qualidade de unidades de ação conectáveis mas de natureza independente (performances transformistas, números circenses, pequenas cenas, palhaços, malabaristas, grupos de dança etc) serão bem-vindas.

Ocorre que o "desfile" de atrações por si só - como está colocado no texto (pré-texto) não é suficiente para alcançar um sentido unificador das diferentes cadeias de significação das performances.

Com o objetivo de buscar este "sentido" dominante um "enredo oculto" necessita ser colaborado. O que funcionaria como texto por trás do texto? Extorsão da(o) cabaretier por policiais corruptos? Um cafetão opressor? Credores e agiotas cobrando o que lhe seria devido? Um "drama" passional que afetasse a vida "secreta" da(o) cabaretier e contrastasse com a alegria e felicidade fulgaz de sua atuação cênica? Este é o desafio que se coloca e que se quer compartilhar também aqui.

Os próximos fragmentos passarão a ser veiculados a partir de setembro, com regularidade no mínimo mensal.

Vejamos o que subirá ao palco de Sodoma nos próximos fragmentos...

O que ocorre nos bastidores do bordel tabacaria ao longo das apresentações de cada noite?

terça-feira, 17 de agosto de 2010

CARTA ABERTA À ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS - Achegas ao VOLP

Ilmª Srª


RITA MOUTINHO ritamoutinho@academia.org.br

M.D. Representante da Comissão de Lexicologia e Lexicografia da Academia Brasileira de Letras



Cara Senhora,

Ao examinar a 5ª Edição (2009) do VOLP [Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa] notei o silêncio sobre alguns vocábulos do repertório lexical de terminologia científica das áreas de Artes, Educação e Psicologia notadamente os que seguem abaixo discriminados:



Arte-Educação - Estudo da dimensão educativa das Artes em geral particularmente das Artes Visuais e das intervenções pedagógicas que fazem uso das linguagens artísticas no âmbito das ações culturais e da escolarização.

Teatroeducação -Estudo da dimensão educativa das Artes Cênicas (Circo, Dança, Performance e Teatro) particularmente do Teatro e das intervenções pedagógicas que fazem uso da linguagem cênica (corporal verbal e não-verbal) no âmbito das ações culturais e da escolarização.

Etnocenologia - Campo de estudos das artes cênicas voltado para a compreensão das manifestações espetaculares cotidianas e extra-cotidianas organizado em programa de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) por universidades brasileiras; Cf. BIÃO, A. & GREINER, C. [Orgs.] (1998) Etnocenologia – Textos selecionados. São Paulo: AnnaBlume/PPGAC-UFBa.

Ludopedagogia -Estudo da dimensão educativa das práticas lúdicas em geral e das intervenções pedagógicas que fazem uso de variadas modalidades de jogos no âmbito das ações culturais e da escolarização;

CHAT - Cultural-Historical Activity Theory (Teoria Histórico-Cultural da Atividade) Teoria na qual se sustenta a abordagem histórico-sociocultural ao psiquismo humano ou socioculturalista proposta por Michael Cole, psicólogo e professor pesquisador norte-americano sob abrigo da Universidade da California em San Diego/UCSD, como fundamento da Psicologia Cultural; Cf. COLE, Michael (1998) Cultural Psychology - a once and future discipline. Cambridge-Mass., London-England: Harward Univesity Press, p. 6 e 113.

Psicologia Cultural - Disciplina contemporânea congregadora das vertentes naturalista e culturalista da psicologia que resulta emblemática do pensamento pós-moderno sedimentada no princípio interacionista e filosofia do materialismo histórico-dialético.

Socioculturalismo - Escola norte-americana contemporânea de psicologia que advoga a Psicologia Cultural como disciplina agregadora das diferentes vertentes ideológicas da psicologia na pós-modernidade.

SODOMA Cabaré Narguilé [fragmento 2]

Lily Trousse
[...] Consumo, logo existo! Mas, deixemos de lado a Filosofia e vamos ao que pode lhes interessar. Pedimos atenção para a demonstração dos procedimentos de segurança pelos meus cabaretier assistentes.


Os cabaretier assistentes se posicionam em locais estratégicos.

Lily Trousse

Em caso da impossibilidade de sublimação de desejos, ou seja, de grande tesão e vontade incontrolável de praticar sexo, com alguém ou com você mesmo, uma camisinha será distribuída a todos. (Para seus assistentes) João! Maria!
(Dois assistentes distribuem preservativos masculinos e femininos com guardanapos de papel a todos)









Para os não fumantes existem mesas na calçada em frente e um telão por onde podem assistir a tudo sem serem molestados ou contaminados pelos malefícios do tabagismo ou dos vícios humanos. Chega da hipocrisia paranóicodelirante dos não fumantes e das leis anti-tabagismo: inalar fumaça de óleo dísel e das chaminés das fábricas ou dos vapores mórbidos dos rios, mares e esgotos poluídos pelos grandes empreendimentos industriais faz mas mal e mata muito mais rapidamente que a fumaça do tabaco. Experimente inalar o que sai do escapamento de um carro em funcionamento numa garagem fechada... É morte rápida com certeza! Por isso oferecemos uma cigarreira garçonnière aos que desejam morrer sem culpa sentindo o prazer de fumar (Para a cigarreira garçonnière) Mônica! Por favor...

Mônica é um travesti siliconizado que oferece cigarros, charutos e cigarrilhas numa cigarreira garçonnière em forma de bandeja pendurada ao pescoço com os seios à mostra.

Lily Trousse

Assim como na Arte, na imaginação ou em qualquer cidadela sem Estado no cabaré narguilé Sodoma é proibido proibir.... Mas nos teatros, no mundo real, por medida de segurança e recomendação da defesa civil e dos bombeiros, não se deve fazer fogo. Podem comprar cigarros com a Mônica mas não acendam aqui dentro... lembrem daquela musiquinha: “vou apertar, mas não vou acender agora...” No mundo fantástico de Sodoma impera a anarquia desavergonhada para o prazer dos que não se contentam apenas em serem voyeurs. A todos os que gostam de viver perigosamente e a quem o suicídio é apenas adrenalina... abrimos nossas fendas. Agora uma dica para os que não estão familiarizados com o uso dos preservativos: faremos uma demonstração de algumas possibilidades para seu uso num apelo explícito ao encerramento da agústia de viver em um mundo que não oferece nenhuma alternativa senão o prazer sublimado, instantâneo e passageiro do fetichismo consumista...

Os assistentes reunem-se sob uma pequena plataforma móvel sobre rodas que se desloca ao longo da demonstração “técnica” dos procedimentos recomendados por Lily como um carro de escola de samba ou boibumbá.

Lily Trousse

Para usar o preservativo masculino o pênis deve estar plenamente erecto. Rasgue o envelope; retire o preservativo; desenrole-o cobrindo toda a extensão do membro enrijecido pressionando a parte do reservatório para não entrar ar e ocasionar o rompimento do látex com o atrito durante o coito ou masturbação; caso o membro a ser coberto seja bastante avantajado, elasteça o preservativo antes de desenrolá-lo e só em seguida vista o “braço” conforme é demonstrado.

Um dos assistentes demonstra como é possível a colocação de um preservativo masculino sobre o braço do outro, empunhando-o.

Lily Trousse

Para usar o preservativo feminino o pênis não precisa estar plenamente erecto. Se tiver assim meio que “bombé” (meia-bomba) fica tranqüilo, funciona... (Toca o celular. Lily atende) O que é criatura? Tô no meio de uma exposição de técnicas de sexo seguro! Como?! Se for brocha?! (Desliga o celular) Se for brocha só com Viagra ou prótese de silicone...

Um dos assistentes demonstra como é feita a colocação do preservativo feminino entre os dedos polegar e indicador do outro.

Uma imagem vale mais que muitas palavras! Entenderam? Pode usar na vagina ou no ânus. Tem que ser uma vagina experiente ou um anus em fúria, claro! (Pausa) Se usar o feminino não deve usar o masculino. Ah! E lubrificar o membro masculino antes da penetração porque a quantidade de gel no interior do saquinho não é suficiente para uma penetração confortável. Já ia esquecendo... Se for pra praticar malabarismo erótico, esqueça. É melhor usar o masculino. Aprenderam?! Agora só falta a prática para a consolidação da teoria... Conexão! Uma última advertência: caso ocorra ejaculação durante atos libidinosos eventualmente praticados no interior do curral tabacaria, usar o preservativo como reservatório e dispensá-lo envolto no guardanapo e dentro do saquinho para “vômito” que foi distribuído a todos, na cesta de lixo dos toilletes.

Um assistente cospe em um preservativo e o enrola rapidamente no guardanapo de papel acondicionando-o a seguir em um saquinho plástico. Os assistentes recolhem os objetos utilizados na demonstração e deixam a plataforma móvel.

Lily Trousse

Desejamos a todos que aproveitem de algum modo a “festa” do oco das paixões sem castigo do cabaré narguillé Sodoma. Bem-Vindos a anarquia das perversões humanas! Com vocês, a maloca das ações inconscientes... A casa do Oco! Venham, por aqui (sinalizando a entrada com uma placa de trânsito que traz a palavra proibir riscada por uma faixa vermelha em diagonal e que é posicionada pelos cabaretier assistentes à entrada do curral)... Calma, tem lugar pra todos! Mania de ejaculação precoce! Sem pressa gente...



Música dodecafônica. Abrem-se as cortinas negras para acesso ao cabaré narguillé Sodoma. Um túnel tipo labirinto estreito e escuro iluminado com luz negra possui tiras de plástico pendendo do teto e que devem dar a sensação táctil de entrada em uma caverna pantanosa e infestada de algas. No túnel braços, mãos, pênis e vaginas de borracha flexíveis servem de “roletas”. Na saída do túnel, uma passarela táctil com marcadores fluorescentes conduz o público até a área de representação em que se encontram dispositivos cênicos nos quais grupos de atuantes caracterizados bizarramente performam cenas eróticas hetero, homo e bissexuais envoltos em fumaça. Go-go-boys e girls em canos e gaiolas se movem provocativamente. Cadeiras confortáveis com rodas devem estar a disposição dos observadores para circularem livremente e escolherem os ângulos de visão das cenas simultantemante performadas nos dispositivos cênicos. Ao centro da sala/palco aberto/picadeiro (open stage) uma pista de dança de 360º com piso em acrílico luminoso acesa. Telões exibem variadas sequências de imagens com cenas de violência urbana simultaneamente: fome, miséria, destruição planetária, intolerância racial, perversão sexual, rituais mágico-religiosos e vídeos pornô hetero e gay em vertiginosa edição, mesclando múltiplas informações e animações visuais psicoldélicas. Escurecimento subido. Breve silêncio. Sobre a pista de dança iluminada Lily Trousse performa uma canção entre dois go-go-boys que usam suporte atlético e botas pretas ao som do trio tabaqueiro. O trio tabaqueiro é composto por zabumba, triângulo e sanfona e deve comentar percussivamente as ações dramáticas ao longo da encenação, podendo se deslocar e surgir em diferentes locais da cena. A canção é cantada na versão em português alternada com o original em inglês [ou dublada do original].



SKIN PELE [Madonna]
Tradutor online gratuito
Do I know you from somewhere/Sei que a gente já se viu
[...]

domingo, 15 de agosto de 2010

SODOMA Cabaré Narguilé [fragmento 1 do texto dramático de Ricardo Ottoni]

Para Álvaro Guimarães in memoriam
Uma homenagem a Leny Dale&DziCrocketes




“E tu Cafarnaum, serás elevada até o céu? Até o inferno descerás! Se em Sodoma se realizassem os milagres que em ti se realizaram, ela teria permanecido até hoje.
Contudo, eu te digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor para a terra de Sodoma do que para ti”
                                Mateus, 11:23-24

                                                                                                       



Quando o narguilé musical for suficientemente explorado pelo público e ouvir-se de modo privilegiado os sons produzidos pela plástica sonora do ambiente ocorre um escurecimento lento e um foco de luz delimita a figura de Lily Trousse.




Lily Trousse

(Usando um vestido vermelho com detalhes em preto) Senhoras, Senhores: Bem-vindos ao cabaré narguillé Sodoma! Eu sou Lily Trousse, cabaretier deste curral tabacaria vagalume da periferia. Alguns preferem o termo americano “hostess”. Mas cabaretier e hostess dá no mesmo: sou a anfitriã oficial do curral. Curral equivale a cabaré. Em português chulo significa zona, bordel; e também tem o mesmo sentido segundo a corruptela do inglês, em autêntico “brasilês” canibal: Cu-Hall – casa do oco... Ok, tá bom, como diria Dercy Gonçalves: casa do cú, pronto, disse. (Pausa) O que ocorre aqui, na caverna marginal onde está instalada a boite Sodoma, pode revolver sedimentos de desejos recalcados e ferir a moralidade judaico-cristã. Convido-lhes para uma excurssão a este beco das paixões sem culpa no extenso labirinto de ruas sem saída soterradas pela hipocrisia cínica da sociedade de classes! Aqui você poderá se achar... Ou se perder... Não é recomendado fotografar estas ruelas e recantos suburbanos. Porque as imagens dos locais, dos acontecimentos e das ações de seus frequentadores devem apenas ser fixadas por suas mentes e serem exclusivamente por vocês mesmos ampliadas, distorcidas ou apagadas, sem nenhum apoio iconográfico ou recurso extrapsíquico que não seja a memória eidética – não é Aidédica não: é Eidética – Filosofia: Hurssel! Aptidão natural de registrar formas visuais. Fim da sessão Pedagogia! São imagens provocativas que podem sucitar horror e náusea porque traduzem a violência da corrupção e da impunidade em todos os níveis. Podem provocar atividade subversiva. São desaconselháveis para menores por sua ausência de moralidade. Ainda há tempo de desistir, de receber o ingresso de volta e buscar outro tipo de ocupação ou lazer. (Pausa) Aos que desejam prosseguir, informamos que o uso dos seus aparelhos para captura e transmissão de imagens em Rede, na Internet ou telefonia móvel digital está liberado; é facultativo. Mas a divulgação das imagens será de sua inteira responsabilidade. Também é importante saber que será possível deixar a sala a qualquer momento, sem constrangimento - para se dirigirem ao darkroom ou ao banheiro, claro... Brincadeira?! Na verdade, se quiserem cruzar a fronteira do curral tabacaria Sodoma por arrependimento, não haverá devolução de ingressos... Aqui, como no capitalismo, não há alternativa possível senão consumir. Só é possível existir no curral tabacaria Sodoma assim. A máxima do nosso cabaré é: - Consumo, logo existo! Mas, deixemos de lado a Filosofia e vamos ao que pode lhes interessar. Pedimos atenção para a demonstração dos procedimentos de segurança pelos meus cabaretier assistentes.



Os cabaretier assistentes se posicionam em locais estratégicos.

Criança-Esperança: Da caridade à solidariedade!

Mesmo sob o risco de ser mal compreendido vou expor um relato pessoal de “apreciação” (recepção estética) do espetáculo produzido pela Rede Globo de Televisão voltado para a captação de recursos destinados ao Programa Criança-Esperança da UNESCO.


O luxuoso empreendimento sob a produção da Rede Globo busca comover o espectador exortando-o à “caridade” através de donativos através dos meios analógicos e digitais (telefonia fixa, móvel e internet). Sob o modelo da montagem de atrações inúmeros artistas se sucedem no espaço tecnologizado do Arena Multimídia com figurinos exuberantes e gigantescos objetos de cena animados - que acompanham performances individuais, em duplas, trios e em coletivos de dançateatromúsica - ocasionando grande impacto visual pelo “excesso” em cena;

O desfile de “atrações” é intercalado por intervenções de apresentadores do jornalismo da emissora e por “matérias” que denunciam as perversas condições em que habitam crianças brasileiras das classes oprimidas pelo cinismo indiferente do capitalismo transnacional; também pelo uso de conhecidas personagens do universo dos “quadrinhos” (cartoons) destinados ao público infantil em animação áudiovisual. Apesar da presença da Mônica, do Ceboliha e de alguns “clowns” do elenco global; ou da experiente e bem humorada atuação de Sônia Anembergue e Evaristo Costa diante dos improvisos a que foram submetidos sem ensaio prévio, não foi possível mascarar alguns equívocos da concepção geral do espetáculo - agigantado pelos recursos tecnológicos da Rede Globo – que serão aqui assinalados como desafios a serem superados para além das conquistas e saberes estéticos dos responsáveis pelos espetáculos do programa contratados pela emissora.

O principal “problema” do espetáculo é ser concebido como uma produção agarrrada ao modelo da “caridade”, recusando a adoção do paradigma ubunto da diversidade ou “solidariedade” – advogado pelas práticas discursivas dos organismos internacionais voltados para o desenvolvimento cultural. Isso é chocante: uma contradição que necessita ser denunciada.O Programa da UNESCO poderia “multiplicar os pães” que arrecada apoiando um espetáculo tecido por redes de solidariedade congregando, por exemplo, diferentes emissoras de TV, artistas e produtores culturais populares.

Chama atenção o subaproveitamento dos elevadores e giratórias do excelente palco do Arena Multimídia. O uso cênico tímido de suas possibilidades denuncia o regime de urgência na preparação do espetáculo e – o que é pior – falta de conhecimento das muitas soluções cênicas para o desafio da atuação em palco aberto ou arena (central stage). Este é o grande “calcanhar de Aquiles” do espetáculo na perspectiva especializada da encenação.

Do ponto de vista da “direção de TV” ou da operação da “mesa de corte” imperdoável a revelação de “travellings” e “zoom-in/out” de câmeras. Não se pode tolerar este tipo de “precipitação” em profissionais acostumados a lidarem com excelentes transmissões ao vivo (como é o caso da veiculação “em direto” de partidas de futebol). Admitamos: Faltou rigor e esmero na composição dos planos para o registro áudiovisual do evento.

Os figurinos apresentados, pretensamente “luxuosos”, carecem de originalidade e não podem sequer ser comparados com a exuberância e elegância dos adereços carnavalescos das escolas de samba do Rio e São Paulo, do bumba-meu-boi maranhense, do Boi-Bumbá amazônico, dos Afoxés afro-descendentes e dos ritos mágico-religiosos do Xingu. Uma denegação do orgulho nacional. Muito triste.

Por fim, faltou ao espetáculo um enredo que pudesse “costurar” o desfile de “atrações” atribuindo-lhe um sentido dominante - que pudesse congregar as diferentes cadeias de significados das unidades de ação cênica.

Que o aprendizado e a autocrítica possam colaborar novos níveis de desenvolvimento cênico de posteriores espetáculos no palco do Arena Multimídia...

sábado, 14 de agosto de 2010

DO TEATRO GAY AO TEATRO MIX: A atitude ubunto e a cena viada na contemporaneidade

O travestismo no teatro ocidental era tradição cênica hegemônica na Antiguidade Clássica e perdurou até o início da Renascença. Só com as trupes errantes de saltimbancos em feiras, praças e palácios e de grupos de Commedia Del’Arte no final da Idade Média e cada vez mais durante o Neoclassicismo as mulheres conquistam pouco a pouco o direito de subirem aos palcos para atuarem os papéis femininos – uma prerrogativa até então exclusiva dos “damas-galãs” (atores especializados em performarem papéis femininos).


Imagine-se a Jocasta de Sófocles (Édipo Rei) e a Julieta de Shakespeare (Romeu e Julieta) “encarnadas” por homens travestidos. Parece-nos, na contemporaneidade, inconcebível que tragédias gregas e renascentistas pudessem ser apresentadas exclusivamente por homens sem provocarem riso. Mas eram assim que elas eram de fato encenadas. Isso testemunha a natureza histórico-sociocultural das práticas de encenação e interpretação teatrais - no presente totalmente subjugadas às convenções hegemônicas do realismo-naturalismo heteronormativo e seus semblantes.

Ao final do século XX o travestismo volta aos palcos restringindo-se apenas à cena viada (práticas teatrais do ativismo gay) e dramatúrgica (como “personagem” em textos dramáticos).



O teatro gay e mix na AMERICA

“Nos anos sessenta, as atitudes de ‘deixar rolar’ (laissez faire) concernentes ao estilo de vida se tornaram mais comuns. Alguns homossexuais decidiram não mais esconder sua orientação sexual e um pequeno número de grupos engajaram-se no desenvolvimento da aceitação de si mesmos e de seu status minoritário no sentido de serem aceitos pela maioria das pessoas. Os apelos dos grupos de teatro de ativistas gays por mudanças sociais de atitude trilharam dois caminhos cênicoestéticos: um caminho foi o travestismo que criava confusão e ambiguidade dos papeis sociais e enfatizava o ridículo das atitudes sociais urbanas (de rua) em relação aos papéis sexuais. Isso focalizou enfaticamente a distinção entre gêneros e as diferenças de orientação sexual privilegiando a subjetividade [Teatro Gay]. O outro caminho foi o de revelar os problemas dos homossexuais em uma sociedade regida pela heteronormatividade e seus semblantes [Teatro Mix].

Nos Estados Unidos da América The Play House of the Riciculous (A casa de festa/jogos [boate/danceteria] dos Ridículos) criada em Nova Iorque em 1965 pelo diretor e artista performático John Vaccaro ao lado do dramaturgo Ronald Tavel foi o primeiro desses grupos a aderir ao transformismo em suas atuações cênicas. Paralelamente ao abandono do texto emergiam paródias de filmes antigos, e atuações frenéticas que investiam em grande variedade de componentes escatológicos e sexuais reduzindo política, sociedade, religião e sexo ao absurdo.

[...] Em 1967, Charles Ludlam, ator do grupo de Vaccaro, criou a Ridiculous Theatrical Company (Companhia Teatral dos Ridículos) [...] [porem] o grupo gay mais exuberante foi o Cockettes que floreceu em São Francisco durante as comemorações do ano novo de 1969.

[...] Nos anos 70 muitos gays e feministas passaram a considerar o travestismo como atitude politicamente incorreta. A performance transformista era vista como ofensiva e depreciadora da mulher e do homem gay por não lidar satisfatoriamente com a problemática dos homossexuais. Novas companhias se formaram para abordarem de outro modo as questões sociais da homossexualidade.

Surge o The Gay Theatre Colletive (O Teatro Gay Coletivo ou O Coletivo Gay de Teatro) [Teatro Mix] em 1976 em São Francisco, inicialmente formado só por homens gays mas posteriormente incluindo mulheres lésbicas.”

A atitude ubunto da cena viada no Brasil

A extensa transcrição acima de fragmentos do capítulo terceiro do livro Teatro Alternativo Norte-Americano (American Alternative Theater) de Theodor Shank intitulado Teatro de Mudança Social (Theater of Social Change) permite-nos identificar as origens do que se denomina Teatro Gay e Teatro Mix, nas sociedades ocidentais, particularmente na sociedade norte-americana a partir de meados dos anos sessenta.

No Brasil, o teatro gay tornou-se muito popular a partir dos anos 70 com os espetáculos do grupo Dzi Croquettes liderado pelo bailarino norte-americano Leny Dale. Na Bahia, sobretudo a partir de meados dos anos 70, Álvaro Guimarães (Belos & Malditos/Teatro Vila Velha), Eduardo Cabus (Teatro Gamboa), Leonel Matos (Boite Caverna), Di Paula (Boite Holmes), Luciano Diniz (Choque/Sala do Coro do TCA) e Paulo Emanuel (Jornalista/Correio da Bahia) entre outros foram pioneiros em defenderem o ativismo gay no teatro baiano. Atualmente o grupo soteropolitano dedicado ao transformismo em cena de maior projeção é a Companhia Baiana de Patifaria (A Bofetada, Noviças Rebeldes e Siricotico).


Rodrigo Camilo em cena
Quem tem medo de Liza Minelli?
Evidentemente além dos nomes relacionados acima outros dramaturgos e encenadores baianos reservaram lugar de destaque para a performance gay ou para a abordagem da problemática da homossexualidade. Poder-se-ia elencar aqui rapidamente Deolindo Checcucci e Fernando Noya (Abre Mais!), Marcio Meirelles-Genet (As Criadas), Fernando Guerreiro (Bodas de Sangue, Bent, Equus, O Balcão), Vieira Neto (Tia Gaby), Ricardo Ottoni (Tabu, Quem tem medo de Liza Minelli?) apenas como ilustração da pletora de práticas teatrais na Bahia ocupadas com o questionamento dos referenciais heteronormativos. Merecem ser lembradas ainda as inesquecíveis performances cenicamente impactantes e bizarras de William Summers em espetáculos vários nos quais apresentava uma inconfundível e customizada máscara hilária-irreverente - agigantada por sua obesidade natural e pelo exagero estético originalíssimo.

Urgentes considerações

Mas, pode-se falar em Teatro Gay no Brasil? E de Teatro Mix? Desde quando? Quais as implicações cênicoestéticas desta(s) modalidade(s) de atuação teatral? Existe mesmo o que alguns denominam na contemporaneidade neste pais arte viada, literatura viada, dramaturgia viada, teatro viado, cinema viado? Estas consignas chocam? A escritura da palavra “viado” com “i” é antipedagógica e/ou ofensiva? O que ela busca referir? O que se sabe, hoje, sobre os desdobramentos e impactos cênicoestéticos do Teatro Gay e Mix norte-americanos nas práticas teatrais e dramatúrgicas na contemporaneidade no Brasil? Quais as implicações cenicoestéticas da atitude ubunto (valorização da diversidade sociocultural) nos aspectos da cena viada no país?

Estas questões permanecem sem dúvida constituindo um “território” insuficientemente explorado pela pesquisa rigorosa ou acadêmica do teatro no Brasil e na Bahia. Talvez seja necessário políticas públicas para apoiar projetos de estudo e investigação do assunto bem como grupos voltados para a experimentação cênica das implicações estéticas da cena viada.

Espero honestamente que o que se diz aqui possa encorajar e empoderar o desejo excindido de muitos oprimidos pelo modelo estético sexista heteronormativo hegemônico.

Pela liberdade de expressão teatral das sexualidades várias: Ubunto!

OFICINA CONDENSADA – SEGUNDA EDIÇÃO

A volta aos palcos da encenação do inteligente texto de Aninha Franco sob responsabilidade do extraordinário Fernando Guerreiro e brilhantemente protagonizado pelo virtuosismo cênico de Rita Assemany é imperdível. O espetáculo é emblemático da retomada das longas temporadas em cartaz em Salvador - e do reconhecimento nacional da excelência do teatro feito na Bahia (autora, atriz e diretor autóctones).

Sabe-se que o espetáculo Apareceu a Margarida dirigido por Manoel Lopes Pontes e atuado por Yumara Rodrigues foi o primeiro empreendimento cênico soteropolitano a alcançar projeção nacional e internacional nos saudosos anos 70. Não se pode deixar de lembrar também o retumbante sucesso de público e bilheteria de A Bofetada, texto de Miguel Falabela protagonizado pela Companhia Baiana de Patifaria sob a regência de Guerreiro na década de 80. Mas, a bem da verdade, uma tríade baiana vitoriosa com projeção nacional enredando dramaturgia, encenação e atuação só foi de fato concretizada com a realização de OFICINA CONDENSADA no início dos 90.

O que há de “novo” na segunda edição de OFICINA CONDENSADA no século XXI? Tudo de novo: o decalque cuidadoso do argumento de Aninha sobrepondo-se às circunstâncias correntes do momento social, político e econômico do Brasil, da Bahia e do mundo que vivifica e atualiza a encenação; a problematização oportuna e bem-vinda, com humor, do desejo feminino e sua intolerável excisão por parte do pensamento autoritário-heteronormativo-falocêntrico transnacionalizado - tipicamente modernista - que ainda assombra e ameaça silenciar o clamor das mulheres, eunucos e oprimidos na pós-modernidade.

Sob o aspecto cênico o espetáculo revela domínio magistral das convenções teatrais para o palco italiano por parte de Guerreiro oferecendo um produto com excelente ritmo, composição, equilíbrio e espaço para atuação improvisada: tudo, absolutamente tudo funciona satisfatoriamente.

Agrada-me particularmente os momentos que conclamam o espectador à reflexão através do apelo dramático comovente e convincente da atuação magistral de Rita, rompendo intencionalmente a euforia contagiante da empatia criada com a performance hilária da professora Ivone Brandão.

Nestas exortações à afetividade estética do público revela-se a sofisticada partitura cênica cuidadosamente regida por Guerreiro e valorizada pela gestualidade primorosamente esculpida pela atuação extraordinária e experiente de Assemany: um luxo. Um casamento perfeito entre técnica e intuição.


Rita Assemany em cena de A casa da Minha Alma

A crítica do espetáculo ao paradigma pedagógico hegemônico (famigerada tradição expositiva “animada” típica dos cursinhos pré-vestibulares) até poderia ser menos sutil e mais enfática mas a elegância da encenação de Guerreiro reside em não declinar para a vulgaridade na abordagem de complexas implicações educacionais que são mais próprias à área da Educação.

O modelo da invaginação acompanhado pelo uso das tecnologias da comunicação e informação nas salas de aula (pendrives, datashow, lousas digitais, microfones sem fio, notebooks e variados recursos audiovisuais) na perspectiva do empoderamento das alteridades permanece ainda grande desafio para colaboração da TRANSPARÊNCIA do/no ensinoaprendizado - que ainda, lamentavelmente, permanece propriedade privada da lógica comunicativa opressora unidirecional e de seus semblantes ou cadeias de significação que aprisionam as subjetividades na contemporaneidade.

“Quem foi Calígula?” - pergunta a professora Ivone. Um discente responde: “Tiago Lacerda!”  Quem ousaria dizer que sua resposta é incorreta?

Parabéns Aninha, Fernando, Rita e todos os enredados pelo empreendimento!

PALMAS PARA O NOVÍSSIMO TEATRO BAIANO!

Uma vez, nada mais será um espetáculo inesquecível para todos que compareceram à Sala do Coro do TCA no sábado de Aleluia. Uma pérola lentamente lapidada por mulheres de teatro enredadas pelo sincero engajamento em um empreedimento cênico ousado, perseverante e bem sucedido, aninhado há dezoito anos atrás (1990) sob a copa da frondosa e produtiva árvore plantada pela UFBa - que é como se vê a Escola de Teatro e sua pós-graduação em Artes Cênicas, hoje.


O espetáculo é a “publicação” em linguagem teatral da pesquisa das atrizes Aicha Marques e Maria Menezes orientadas pela professora, atriz e encendora Hebe Alves. A partir de estudos dos registros de atuações teatrais para o cinematógrafo - quando ainda não era possível adicionar áudio nem cores às imagens - as atrizes conseguem construir uma “escrita cênica” única, jamais vista nos palcos do planeta!

Tomando por base “variações de ritmo e outras qualidades de movimento” do “cinema mudo” bem como valendo-se de recursos narrativos próprios da linguagem áudio-visual foi possível alcançar uma sofisticada sintaxe cênica redimensionando e empoderando a semântica da linguagem teatral. Como adverte Hebe “não é cinema. É teatro”. Nós todos acrescentaríamos: Teatro de excelente qualidade Aisha, Hebe e Maria! Isso é indiscutível.

A peça é um bem de consumo raro de se encontrar nas prateleiras dos supermercados culturais da contemporaneidade no qual obras de arte findam por render-se, sem resistência, ao fetichismo mercantilista abdicando voluntariamente da sua autonomia. Uma luminosidade límpida e fascinante em meio ao apagão de idéias claras e contagiantes da pós-modernidade.

Um fenômeno que precisa ser registrado não apenas pela sensibilidade dos que poderão comparecer à celebração teatral de “corpo presente”. Urge portanto a necessidade de serem capturados os efeitos sobre a percepção e os sentidos que o espetáculo concretiza em seus fruidores permitindo a captura e fixação da sua instantaneidade, como ocorre na “recordação estimulada” utilizada por psicólogos e pedagogos a partir do áudio-vídeo registro de vivências únicas objetivando a reflexão do sujeito após suas interações sociais.

A transcrição da linguagem teatral para a linguagem áudio-visual (incapaz de substituir a sinestesia ou natureza “presencial” do fenômeno cênico) talvez seja o melhor meio de alcançar os enunciados não-verbais concretizados pelo método instrumento-e-resultado (processo-produto) ou pesquisa-ação dessas jovens mulheres de teatro pesquisadoras da performance na atuação teatral. Uma contribuição estética às artes cênicas, sem precedentes.



Aicha Marques e Maria Menezes


As imagens das atrizes em ação dirão sem dúvida mais que qualquer palavra dita ou escrita sobre sobre sua impecável atuação mas não substituirão o poder da linguagem teatral vivenciada presencialmente durante a ocorrência do espetáculo; não substituirão jamais o prazer estético de acompanhar instantaneamente a comunicação cênica “fenomenal”.

Impressionante o condicionamento físico das atrizes ao longo dos 60 minutos de espetáculo. Algo só comparável ao desempenho de atletas em esportes de alta performance. Merece destacar aqui o rigor técnico minimalista de Aisha Marques e a atuação crítica sempre bem-humorada de Maria Menezes; também a direção atenta e experiente de Hebe que consegue alcançar o equilíbrio com uma abordagem “chapliniana” ou cômica à trágica condição humana, particularmente das mulheres e de seus sonhos na sociedade de consumo “falocêntrica”. Um luxo. Parabéns Teatro Baiano!

Fica o apelo para que a indústria cultural e o mecenato abriguem, alimentem e preservem a memória material e imaterial deste acontecimento único do teatro brasileiro na contemporaneidade. Um espetáculo que seguramente fascinará a Broadway-Hollywood, a Globo-Brasil, a Europa, o Japão, as Áfricas, as Américas e todos os cinéfilos do planeta; e causará grande admiração por parte de estudiosos contemporâneos da espetacularidade extra-cotidiana como Peter Brook, Eugênio Barba e também das pessoas comuns.

Pode-se dizer que o espetáculo é um aparte inserido no discurso populista vulgar opressor e monótono em favor da sobrevalorização de práticas artísticas ingênuas. Não existem culturas superiores ou inferiores. Existem culturas diferentes. Só a diversidade de práticas culturais permite a degustação do “biscoito fino” produzido artesanalmente pelas “meninas” da Bahia. Que possamos apreciar iniciativas como estas não apenas uma vez mas SEMPRE!

Salvador/BA, 03 de abril de 2010. Páscoa/Sábado de Aleluia.

O (EN)CANTO DA NEGA DE UM PEITO SÓ

A palestra-espetáculo do Prof. Dr. Armindo Bião, na qual o extraordinário ator, acadêmico e educador baiano apresenta os resultados parciais obtidos com rigorosa e exaustiva pesquisa das origens e representações sociais do mito pagão Maria Padilha foi apresentada ao público como aula magna “aberta” a todos - elencando a programação oficial da Reitoria da UFBa destinada a comemorar o ingresso de acadêmicos em horário noturno no primeiro semestre de 2010.

Surpreendendo os que atenderam ao convite para a celebração solene da inauguração do calendário acadêmico, a aula hors-ligne apresentou-se como performance espetacular mágico-religiosa abrilhantada pelo virtuosismo cênicoimprovisacional hours-concurs de Bião, apoiado unicamente por seu extraordinário talento e por recursos cênicos mínimos como projeções de imagens/textos em data-show, sonorizada por excelente música instrumental com guitarra dedilhada ao vivo.


Bião em cena de Bocas do Inferno

Dirigido competentemente por Hebe Alves, Bião alcança a plenitude do método dramático para a exposição dos resultados parciais obtidos com sua rigorosa pesquisa através da tomada de variados papéis e entoando uma seleta de cânticos bizantinos e íberoamericanos tradicionalmente utilizados para saudar a “entidade” Maria Padilha.

Da ópera de Bizet ao cordel nordestino Bião canta e interpreta variados papéis com fôlego, afinação e entusiasmo contagiantes, paralelamente a exposição fluente dos fundamentos teórico-metodológicos e referenciais bibliográficos e áudio-visuais da investigação.

Curioso observar que Hebe é responsável pela encenação dos dois grandes espetáculos que inauguram o novíssimo teatro baiano e que acentuam, ambos, as extremidades expressivas da linguagem corporal: a saturação das possibilidades cênicas focalizando a dicção teatral em Padilha e a transcendência semântica da comunicação corporal exclusivamente não-verbal em Uma vez, nada mais. Duas pesquisas da estética cênica desenvolvidas no âmbito da Pós-Graduação em Artes Cênicas oferecidas pela Escola de Teatro da UFBa.

Ao aproveitar recursos do teatro épico contemporâneo como a tradução simultânea em telão dos textos enunciados em francês, português e idioletos, recorrendo à participação interativa antifonal da platéia em coro, a aula de Bião converte-se em genuína celebração dionisíaca mágicoreligiosa digna de subir aos palcos dos trios elétricos. Um show de didática para educadores e educandos acostumados aos ritos tradicionais típicos do ensino “expositivo”: Haute culture e TeatroEducação para todos!

A palestrArte de Bião é uma abordagem pedagógica ao Teatro renovadora ou “interativa” (pós-moderna) que demonstra ser promissora para apresentação de temas polêmicos e tabus na Academia – que, na contemporaneidade, permanece ainda lamentavelmente acorrentada a paradigmas de ensino modernistas.

Para aqueles como eu, com temperamento fortemente afetado pela mística sombra impertinente de Pomba Gira, um evento prazeroso e inesquecível. Aplausos e gritos calorosos pelo début de Maria Padilha nos palcos baianos – tão imantados de energia quanto nas saudações à “chegada” da entidade que ocorrem nos tablados flamencos e nos terreiros de umbanda. LA-RÔ-iÊXU fêmea! Olé! Ave Maria Sandra Rosa Marta Madalena DasDores! Parabéns Salvador! Axé Bahia!

A PONTE SALVADOR(a)ITAPARICA

A PONTE SALVADOR(a)ITAPARICA
O elo ausente na trama do desenvolvimento regional

Governador Jacques Wagner
Propositor do Edital para construção da Ponte

Notícia sobre publicação do edital da ponte




Na qualidade de cidadão natural de Salvador e munícipe de Vera Cruz/Ba vou me permitir equacionar algumas poucas questões trazidas pela tardia e desassombrada decisão das macropolíticas oficiais do Governo do Estado da Bahia: a construção da ponte sobre a Baía de Todos-os-Santos interligando Salvador à ilha de Itaparica, ao Recôncavo e ao Baixo-Sul baiano.





Sem a pretensão de ser “dono da verdade” nem de elaborar um parecer de especialista em manejo e/ou mapeamento ecológico-econômico da Baía de Todos os Santos vou abordar apenas alguns aspectos do impacto da construção da ponte Salvador(a)Itaparica na “aceleração” ou “apressamento” do processo de crescimento econômico, social e cultural da Bahia, e do Brasil, externando algumas preocupações com a repercussão deste empreendimento sobre o meio ambiente e socioeconômico na perspectiva crítica mas cívica dos direitos e deveres da cidadania em defesa da “sustentabilidade” do desenvolvimento regional.

Slideshow de fotos do projeto da ponte

Considerando a promessa de construção da ponte Salvador(a)Itaparica não apenas uma “bravata” eleitoreira para tomada de poder para a gestão do estado da Bahia, penso ser necessário opinar sobre este megaempreendimento – que fascina, assusta e afeta todos nós. Devo começar destacando pontos “positivos” da iniciativa - que implicarão vários giros vertiginosos em espiral ascendente criando oportunidades concretas de trabalho, emprego, crescimento econômico e cultural do/no estado:

(1) Beneficio e redução dos custos enredados na logística necessária ao escoamento da produção pesqueira e agro-industrial de todo o Recôncavo e Baixo-Sul baiano e do fluxo de produtos do parque industrial e petroquímico oriundos da Região Metropolitana de Salvador;

(2) Incontáveis oportunidades de bens e serviços relacionados à construção civil, ao comércio em geral e ao turismo em particular bem como atração de investimentos imobiliários nas áreas liberadas para urbanização que serão provavelmente integradas à Região Metropolitana de Salvador - sem prejuízo das APAs que circunscrevem reservas indígenas, quilombolas, ambientalistas, oceanográficas, de mata atlântica, manguezais, corais, fauna e flora nativas, estâncias hidrominerais da ilha de Itaparica, Recôncavo e Baixo-Sul baiano;

(3) Criação de condições otimizadas para implantação de campi avançados (cidades universitárias) de organizações particulares e sobretudo públicas (federais e estaduais) de educação superior e técnica na ilha de Itaparica particularmente das vocacionadas para as ciências médicas, da natureza e da terra, humanas, esporte, comunicações e artes;

(4) Possibilidade de requalificação do aeroclube (Clube de paraquedismo de Vera Cruz) convertendo-o em campo de pouso de apoio ao aeroporto internacional Luiz Eduardo Magalhães de Salvador;

(5) Atração de investimentos para a implantação de uma rede de assistência à saúde através de centros destinados à diversas terapias para o corpo e a mente paralelamente ao incremento à produção da indústria do esporte-lazer-turismo e da circulação de bens artísticos e culturais;

(6) Duplicação e privatização da Rodovia BA 001 no trecho entre a “ponte do funil” até o pedágio que dará acesso à travessia no sentido Itaparica-Salvador; criação de estações de transbordo para ônibus interligando localidades da ilha a terminais urbanos de Salvador permitindo transporte coletivo ágil e de grande capacidade para atender à demanda de movimentação da população particularmente de trabalhadores, com rápida ligação entre Recôncavo e Baixo-Sul à capital do estado.

Elencados alguns pontos “positivos” ou “benefícios” será útil desdobrá-los em seus contrários “negativos” sinalizando os “custos” humanos e sócio-ambientais para que sejam pensadas desde já políticas compensatórias e reparadoras dos prejuízos ecológicos e humanos gerados pelo empreendimento e seu “rápido” ciclo de crescimento - para que este venha a se tornar mais longo em sua duração de modo a converter-se em desenvolvimento cultural sustentável:

(1) A ponte atrairá um forte aporte de capital e com isso agilizará o processo atualmente em curso de concentração de terras e renda nos municípios localizados na ilha de Itaparica, Recôncavo e Baixo Sul baiano;

(2) A maioria da população insular, do Recôncavo e Baixo-Sul baiano possui baixíssima ou nenhuma escolaridade e sobrevive da pesca artesanal, da coleta de mariscos e de uma tímida agricultura familiar pulverizada em pequenas glebas que serão “violentamente” substituídas por grandes propriedades necessárias à instalação da infra-estrutura solicitada pelo empreendimento cujos PODEROSOS INVESTIDORES OBTERÃO PREVISIVELMENTE APOIO DO GOVERNO DO ESTADO;

(3) Os pequenos proprietários, agricultores familiares, comerciantes, pescadores e coletores de marisco, por não possuírem a qualificação profissional nem os meios de produção exigidos pela COMPETITIVIDADE do “novo” mercado de trabalho serão “convidados” ao êxodo e devem se concentrar em bolsões de pobreza periféricos às emergentes concentrações urbanas na ilha, Recôncavo, Baixo-Sul e região metropolitana de Salvador;

(4) Ocorrerá um significativo AUMENTO DA POPULAÇÃO RESIDENTE NA ILHA com ocupação laboral na região metropolitana de Salvador bem como a chegada de “novos baianos” (migrantes horizontais) atraídos pela promessa de oportunidades de trabalho, emprego e renda que produzirão mais lixo, mais conflitos sociais e culturais;

(5) A PRODUÇÃO DE LIXO, poluição, prostituição, abuso de drogas, trânsito de pedestres, tráfego de veículos, ócio, delitos, criminalidade e violência urbana serão incrementados o que desencadeará a demanda crescente por segurança pública, serviços de assistência à saúde física e mental, amparo social, educação continuada (escolarização) e transporte público de massa;

(6) A construção da ponte exigirá INVESTIMENTOS MUNICIPAIS URGENTES em transporte público de massa (ônibus com linhas e horários regulares interligando as várias localidades da ilha à sede do Poder Municipal em Mar Grande e aos terminais rodoviários para o acesso à travessia marítima pela ponte e sistema ferry-boat em Bom Despacho); iluminação pública ao longo da rodovia BA 001 e nas ruas perpendiculares que dão acesso aos vários loteamentos da ilha; serviços para coleta de lixo; rede de saneamento básico (esgotamento sanitário), pavimentação, sinalização padronizada de ruas, praças e numeração seqüenciada de imóveis (ordenamento do solo urbano); construção de plataformas e passarelas de embarque/desembarque no terminal aquaviário de Mar Grande com infraestrutura portuária que permita o fluxo regular entre a ilha e Salvador nas ocasiões de ocorrência de maré baixa (ausência de um acesso flutuante até o ponto onde se localiza o farol na fenda entre os arrecifes); recebimento residêncial de correspondência enviada por correio regular entre outras.

Destacadas aqui as contradições acima emerge a necessidade de ser formulada uma síntese para resolvê-las. Não se tem a pretensão com este texto de encontrar a resposta correta, mas antes destacar a importância da urgente busca de solução do problema. Os “custos” humanos e ambientais do empreendimento solicitarão várias políticas públicas municipais e do Governo estadual em PARCERIA COM A INICIATIVA PRIVADA de natureza não assistencialista e compensatória para manter o equilíbrio ecológico, socioeconômico e educativo tendo em vista a melhoria da qualidade de vida das populações “nativas” e de migrantes não-qualificados bem como sua “inclusão” produtiva no “novo” mercado de trabalho que a ponte incrementará. É preciso começar a pensar nisso desde já! Forjar o elo ausente na trama do desenvolvimento regional de modo indefectível pressupõe (co)laborar uma SÍNTESE para “resolver” os vários conflitos típicos dos processos de transformação cultural.

Vera Cruz/BA, 27 de março de 2010.

A MÁSCARA DO LOBO

Johnny Weir coroado em Vancourver
Olimpidadas de Inverno 2010 - Patinação Artística
Coliseu

Não dá pra ficar de fora da discussão desencadeada pelo forte “baque” na recepção e apreciação da trilha sonora do Carnaval 2010 de Salvador com a ousadia do novíssimo pagode baiano na música Lobo Mau.

Críticas provenientes do consevadorismo moralizante à irreverência das expressões espetaculares durante os festejos de Momo são antigas e revelam a ausência de disposição de grupos no poder para pensar desapaixonadamente a representação cênica carnavalizada da vida social através dos tempos.

A polêmica em torno da letra da música e do gestual erotizado lúdica e espontaneamente sucitado por seu ritmo traduz o recrudescimento da intolerância para com a permissividade e a liberdade de expressão que caracteriza a pletora de formas irreverentes da comunicação cênica (corporal) durante o Carnaval. Os conservadores vociferam que a letra e a movimentação do corpo no pagode Lobo Mau é uma apologia à pedofilia e à prática sexual genital.

Muitos - não ingenuamente - querem nos fazer crer que o tratamento artístico de temas polêmicos como assassinatos, estupros, sexismo, abusos de menores e de drogas exorta as pessoas à essas práticas condenáveis. Insistem em não aceitar que as relações entre as Artes e a Realidade Social são complexas, que a existência do signo artístico difere radicalmente da existência da vida em si.

Arautos do moralismo intolerante optam deliberadamente por desconhecer os fundamentos estéticos da atividade artística não por falta de instrução mas por se sentirem ameaçados pelo o que a (re)criação espetacular lúdica do ser humano pode revelar de terrível sobre o íntimo da sua natureza “bruta” – algo exaustivamente banalizado por documentários do jornalismo dedicado à crônica policial.

Parabéns Ivete Sangalo pela coragem de encarnar o verdadeiro espírito momesco e defender o discurso irreverente dos “brincantes” no pagode do povão durante o carnaval de Salvador.

Alternando-se na atuação erotizada do papel do ousado “Lobo” no Festival de Verão 2010 e da recatada e prudente “Chapeuzinho” no Campo Grande Ivete brilhantemente, diante das câmeras, no palco “oficial” do Carnaval 2010, promoveu uma “resposta” corajosa ao conservadorismo e pôs fim aos seus ecos na mídia através do iluminador diálogo líteromusical entre Lobo Mau (pagode do Baque) e Lobo Bobo (bossa nova de João Gilberto).

De parabéns também a excelência dos comentários da equipe de jovens comunicadores da TV Aratu (Carla Araújo e Leonardo Sampaio) que honestamente, de modo descontraído e em linguagem cotidiana acessível a todos, no domingo dia 14 à noite, aproveitando a falta de movimento na passarela dos trios da Barra, contribuíram muito para iluminar a mente dos telespectadores e foliões entorpecidos pelo merchandising que desfilava indefectível e intermitente nos outdoors eletrônicos dos palcos sobre rodas ao som dos mais variados ritmos carnavalescos.

Os palcos móveis que caracterizam o carnaval baiano eram já utilizados em cortejos sacros e profanos desde o fim da Idade Média sobretudo na Inglaterra e Espanha. A contribuição soteropolitana é a amplificação do som sobre corsos (desfile de carruagens e carros) que evolui paralelamente a adequação de veículos de grande porte às exigências contemporâneas da engenharia teatral e do mercantilismo transnacional.

É muito bonito constatar que a teatralidade do carnaval tem sido paulatinamente resgatada por cantantes, bailarinos e músicos através do uso cada vez mais freqüente de figurinos e cenários sob os trios (palcos móveis). Mais que mera função “decorativa” as fantasias tem sido a sustentação para uma atuação teatral lúdica dos cantantes nos trios. Seja através de pantomimas e coreografias de dançarinos exaustivamente ensaiados que dão sustentação a sua prática artística ou a partir da teatralização de sua performance de modo improvisado.

A linguagem teatral invadiu definitivamente os trios e isso redimensiona e amplifica a atuação dos cantores que ousam cada vez mais incorporar, mesclando de modo lúdico, elementos épicos (narrativos), líricos e dramáticos.

Penso que deveria ser definitivamente abolido todo tipo de julgamento para decidir qual música/bloco/escola de samba/fantasia/cantor é o “melhor.” Esse tipo de hierquiarização/mensuração da performance e desempenho das pessoas em atividade lúdica, artística, profissional, escolar ou esportiva é prejudicial ao espírito congregacionista, ao prazer da celebração do estar junto e apenas caracteriza um momento de sua atuação.



Nas olimpíadas de inverno do Canadá por exemplo, fiquei horrorizado com a pontuação atribuída pelos “juízes” à dupla alemã de patinação artística Maylin Hausch e Daniel Wende que performaram brilhantemente Alexandre – O Grande. A queda não intencional de Maylin e toda a subsequente movimentação cênica do casal que se seguiu ao “acidente” em seu roteiro técnico comentando-o e aproveitando-o autocriticamente ao longo de sua atuação revelou seu elevado e refinadíssimo nível de teatralidade (intencionalidade da comunicação não verbal) por apresentarem uma sofisticada relação de cumplicidade com a platéia sem renunciarem no entanto ao enredo previamente ensaiado.



 Foram aplaudidos seguidamente de pé por alguns segundos após sua brilhante apresentação de sentidos sobrepostos.

Fotos da performance de Maylin e Daniel




Quando a teatralidade consegue êxito paralelamente à excelência da execução de uma técnica a magia da Arte acontece. É o que ocorre com o genuíno futebol brasileiro destacando-o do jogo bruto praticado por outros coletivos de atletas.

Causa revolta quando a teatralidade é desprezada em nome do rigor técnico ou de critérios políticos inconfessáveis mascarados sob a consigna de “subjetivos” como o que lamentavelmente ocorreu também no Pacific Colliseum em resposta à provocante, irreverente mas tecnicamente impecável (arrasante) atuação do norteamericano Johnny Weir que foi hostilizada pelos juízes atribuindo-lhe pontuação baixa como punição à sua atitude abertamente gay no palco de gelo – que mereceu aplausos eufóricos da platéia.



                                                                                            
                                                                                        
 



Fotos de Johnny Weir
Mais fotos de Weir
Ao silêncio das boas mocinhas e mocinhos “educados” (artistas, jornalistas, críticos e anônimos), amordaçados pelo medo da teatralidade lúdica fica o apelo para que abandonem suas máscaras e mostrem sua verdadeira face sem pudor dando a língua em público! Ser terra de “índio” não é nenhum demérito. Deixemos de hipocrisia porque como já disseram Daniela Mercury e Marcelo Quitanilha em Dona desse lugar “Muito antes do Brasil ser Vera Cruz os primeiros habitantes por aqui andavam nus”, inclusive no Rio Grande do Sul dos Guaranis e de Renato Gaúcho.

Essa febre de “recato” hipócrita colonialista é nociva ao Carnaval dos trópicos. Ainda bem que a nudez masculina e feminina (ao menos do tórax) insiste em desfilar nas passarelas da folia. Parabéns para o parangolé dos “selvagens”! Viva Jonhnny Weir!

FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS DA LUDOPEDAGOGIA

Pode-se dizer sem receio que ludopedagogia é o campo de pesquisa e estudo da dimensão educativa das práticas lúdicas em geral e das intervenções pedagógicas que fazem uso de variadas modalidades de jogos no âmbito das ações culturais e da escolarização. Assim sendo, diferentes concepções sobre os fundamentos psicológicos das práticas lúdicas estão enredadas na trama de significações deste conceito e de seus usos pedagógicos.


Aqui, focalizaremos brevemente o valor educativo das práticas lúdicas conforme estas são entendidas segundo a perspectiva histórico-sociocultural de constituição do psiquismo humano.

A atividade lúdica na perspectiva histórico-sociocultural

Saberes da Psicologia sobre as semelhanças entre as práticas lúdicas de animais e humanos têm ressaltado seu valor educativo como “pré-exercício” de futuras competências a partir de uma ação instintiva supostamente oriunda de uma “energia excedente” (ânsia impulsiva) típica de organismos muito jovens ou de grupos reunidos para a prática de faculdades ociosas que antecipariam sua futura atividade “séria” (caça ou trabalho).

Acredita-se que o lúdico diz da “adequação” rápida de ações do organismo informada pelas peculiaridades de uma situação que impacta a sua conduta motriz como atividade orientadora dos seus modos de agir, ou seja, como “regulação psíquica do comportamento [sic] dos indivíduos inexperientes” – mas que absolutamente não está vinculada à real satisfação de demandas concretas do meio ambiente. O jogo (práticas lúdicas) seria uma atividade orientadora dos modos de agir do sujeito que ocorre desvinculada ou “alienada” do seu conteúdo substancial (fins utilitários) que gera alegria e bem estar (prazer funcional).

Ocorre que, na perspectiva histórico-sociocultural, a atividade psíquica no jogo - dos filhotes de animais e dos humanos - não deve ser equiparada, em razão de sua radical diferença. O jogo dos seres humanos acontece em um meio sociocultural historicamente (co)laborado que transforma qualitativamente o ambiente natural em razão do desenvolvimento da função significativa e do pensamento complexo que recorre ao uso e manejo competente de diferentes linguagens ou lexias.

Para os humanos “o jogo é uma atividade em que se reconstroem, sem fins utilitários diretos, as relações sociais” abrangendo uma ampla variedade de práticas que reproduzem fenômenos de sua vida cultural sem propósito prático real. No jogo se dá a reconstrução de uma atividade ressaltando-se seu conteúdo cultural: tarefas e normas das relações sociais encontram-se nele incrustradas.

A partir da natureza semiótica (simbólica) da atividade lúdica dos humanos é que a perspectiva histórico-sociocultural traz luz para o entendimento da dimensão educativa do jogo entre humanos e seu importante papel na IMPREGNAÇÃO CULTURAL do sujeito: seu efeito coletivizador. É através do brincar ou das interações lúdicas que se possibilita o aprendizado de regras e a sujeição das ações impulsivas à sua satisfação adiada pela via do prazer.

Apoiando-se nas idéias originais de Vigotskii a perspectiva histórico-sociocultural destaca a descoberta de que no jogo “a ação vem do significado da coisa e não da coisa.” O sujeito passa a agir no campo semasiológico, que não se encontra vinculado apenas ao campo visível das coisas e ações reais. Importante papel educativo teria a flexibilização de sentidos atribuídos às palavras, objetos e ações nas práticas lúdicas. A atividade lúdica criaria desse modo zonas de desenvolvimento proximais – ZDPs que só poderiam ser criadas a partir da interatividade (interação) entre sujeitos com níveis diferentes de imersão cultural.

As ZDPs são caracterizadas na perspectiva histórico-sociocultural como uma região próxima ao desenvolvimento já consolidado pelo sujeito situada no limiar entre aquilo que a pessoa já é capaz de fazer sozinha, sem a ajuda de outros, e de suas possibilidades de ação com o auxílio de membros mais experientes no uso de artefatos culturais do meio social em que ela se encontra aconchegada.

Através das ZDPs seria ampliado o APRENDIZADO dos sujeitos gerando consequentemente seu desenvolvimento. Nesse espaço de alteração do sentido ou orientação da atividade da pessoa no jogo, novos conhecimentos estão em processo de elaboração mediados por artefatos culturais, instrumentos e signos apropriados pela interação com interlocutores mais familiarizados com a imersão em um contexto cultural que exige o manejo de sofisticadas ferramentas para o trabalho e comunicação. Desse modo podem ser consolidados e ou ressignificados novos saberes ludicamente.

Em resumo, a prática lúdica ou jogo é uma atividade orientadora dos modos de agir que ocorre desvinculada ou “alienada” do seu conteúdo substancial (fins utilitários) gerando alegria e bem estar (prazer funcional). Nesse espaço de ressignificação da atividade da pessoa, novos conhecimentos estão em processo de elaboração e, frente à mediação de artefatos culturais potencializada pela interação, podem vir a ser consolidados e (co)laborados. Nisso reside fundamentalmente o valor pedagógico do jogo ou das práticas lúdicas na perspectiva histórico-sociocultural.


Prof. Ricardo Ottoni Vaz Japiassu

Cientista social-pesquisador
Doutor em Educação e Psicologia pela Faculdade de Educação da USP
Mestre em Artes Cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da USP
Licenciado e Bacharel em Teatro pela Escola de Teatro da UFBa
Professor titular aposentado da UNEB

OBSERVATÓRIO DO DESENVOLVIMENTO CULTURAL
Ciências Sociais Aplicadas – Estudos e consultoria